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23/08/2016

O apostolado paulino

Por Pe. Paulo Bazaglia, ssp

bibliamat

Falar do apostolado paulino é falar da vivência e do anúncio do evangelho tal como o viveu e anunciou o apóstolo Paulo. E o evangelho que Paulo viveu e anunciou não foram teorias ou ideias, mas a pessoa mesma do Senhor crucificado e ressuscitado. Vale dizer que o apóstolo paulino não se define essencialmente pelo que faz, mas pelo que é. Os paulinos não somos paulinos por evangelizar com a comunicação, mas por termos encontrado Jesus e o reconhecermos nos rostos sofridos e crucificados hoje, seguindo o modelo do Apóstolo que se encontrou com um irmão judeu Ressuscitado que havia assumido a condição de servo e sofrido a morte humilhante de cruz.

O apóstolo paulino é um discípulo de Jesus Cristo que se deixa formar por ele, “até que ele se forme em nós” (cf. Gl 4,19), num movimento de esvaziamento como o dele, de modo que em nossas fraquezas ajam a força e a graça de Deus. Pois o Deus que se revela em Jesus e que assume a condição dos menores é o Deus que se revela a Paulo. Seu apostolado, a partir de então, é anunciar, com a vida e a palavra, Aquele que havia mudado sua vida, transformando-o de perseguidor em apóstolo. Daí que, longe de se vangloriar e de pregar a si mesmo, Paulo se desgasta pelo evangelho, oferecendo-se como modelo e mostrando que seguir Jesus crucificado exige renúncia e coerência de vida.

O apóstolo paulino, portanto, procura anunciar com todos os meios a pessoa de Jesus Ressuscitado, identificando-o com os crucificados de hoje, trazendo os menores e sofredores para o centro da missão.

É apostolado que cria redes de relações, que forma comunidades edificadas não em belos discursos ou sinais poderosos, mas na “loucura da cruz” de quem se entrega pelo outro e revela assim o poder misericordioso de Deus.

É apostolado de quem se transforma e quer transformar as relações segundo a graça de Deus. Basta pensar na grande mudança na vida de Paulo: a passagem de fariseu a apóstolo, mas sobretudo a transformação de uma pessoa de classe, respeitado estudioso da Lei, a trabalhador manual (trabalho reservado a escravos), perseguido muitas vezes pelos próprios irmãos judeus, sofrendo tribulações, naufrágios, prisões (cf. 1Cor 4,11-13).

É apostolado de quem reconhece nas comunidades de fé o próprio corpo de Cristo, corpo sofredor que exige “fazer-se tudo para todos”, não no sentido de aceitar tudo e considerar todos iguais, mas no sentido de criar relações fraternas, daqueles que vivem por Cristo, com Cristo e em Cristo uma nova realidade de santificação, onde ricos se rebaixam e pobres são levantados, para serem de fato “irmãos no Senhor”.

Evangelizar com os meios de comunicação e na cultura da comunicação, portanto, é para os Paulinos apenas a demonstração de um modo de ser na Igreja e na sociedade. O apóstolo paulino é aquele que, diante dos desafios atuais, continua esperando contra toda esperança, anunciando, com todos os meios, que o Ressuscitado está entre nós edificando comunidades. Com este apostolado, buscamos ser Paulo vivo hoje, na incansável missão de anunciar Alguém que nos transforma radicalmente como pessoas e que transforma as realidades.