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29/09/2020

A mulher associada ao zelo sacerdotal

Por Pe. Antonio Lúcio, ssp

 

O Bem-aventurado Tiago Alberione renova os meios e formas do ministério pastoral com a presença feminina A mulher associada ao zelo sacerdotal é o segundo grande livro (depois de Apontamentos de teologia pastoral) escrito pelo jovem sacerdote Tiago Alberione nos anos 1912-1915, período em que surgiu a Família Paulina.

A primeira edição da obra A mulher associada ao zelo sacerdotal foi impressa em 1915, em Alba, pela recém-nascida Escola Tipográfica Pequeno Operário. A última é de 1964, em inglês, tendo sido traduzida, adaptada e atualizada com sugestões do próprio Fundador, pelas Filhas de São Paulo de Boston (EUA).

Em  Abundantes divitiae gratiae suaeA encontramos o depoimento do próprio padre Alberione que, falando sobre os preparativos para a fundação da Família Paulina, afirma: “para as Irmãs, desde 1911, ele tinha começado a redação de um livro, A mulher associada ao zelo sacerdotal” (AD 109). A preparação da 9ª edição (1954) foi confiada, pelo Fundador, à irmã Cecília Calabresi, fsp. Escreve ela: “Padre Alberione confiou à subscritora a tarefa de rever o livro. A 10 de março de 1937, me escrevia: ‘Reveja, corte, acrescente como quiser: desde que faça o maior bem!’ A 17 de outubro, insistia: ‘O Santo Padre Pio XII nos seus últimos discursos tende a valorizar, cada vez mais, a obra da mulher nos vários campos. É útil tê-los presente para outra edição do livro’… Em 15 de abril de 1954, tendo recebido o livro revisado, padre Alberione apressava-se a agradecer…

 Dois meses depois, confirmava… Após um controle ainda mais minucioso, um mês mais tarde aproximadamente, escrevia: ‘Estou muito satisfeito pela inteligente revisão. Deo gratias!’”. É a edição mais remanejada, já que aí foram introduzidas – a pedido de padre Alberione – muitas passagens sobre a mulher, de escritos e discursos de Pio XI e de Pio XII. Estas indicações do Fundador orientam para uma leitura “historicizada” da sua obra, colocando-a no seu contexto, mas mostram também com clareza, por um lado o comovente desejo de valorizar a doutrina dos Papas, e por outro lado, o anseio daquela contínua atualização tão apreciada e promovida por padre Alberione.

Finalmente, no ano 2000, o Centro de Espiritualidade Paulina preparou para a coleção da Opera omnia, a primeira edição, apresentada por padre Angelo Colacrai, ssp, que teve uma segunda edição em 2008, cuja autenticidade e confiabilidade não se discutem.

Conteúdo do livro

Para compreender o sentido e o conteúdo do livro é indispensável levar em consideração as indicações que encontramos nas “duas palavras de Introdução”. Padre Alberione aí indica o motivo: ficou vivamente impressionado com as palavras do cardeal suíço Dom Mermillod Gaspard, dirigidas a mulheres e a moças: “Vós tendes uma missão a cumprir no mundo: uma família a conduzir, a sociedade a edificar, a Igreja a servir e consolar. Vós deveis ser apóstolas”. Meditando estas palavras, “sentiu profundamente essa verdade; tentou infundir a sua persuasão, para comunicá-las ao sacerdote e à mulher”. Indica também a inspiração e, neste caso, dois pensamentos predominam no livro: a mulher vem de Deus, criada para auxílio material e sobretudo moral do homem (neste sentido fala com frequência padre Alberione, exprimindo o modo de pensar do seu ambiente): daqui nasce o sério dever de formar a mulher para a virtude e para o zelo, segundo as necessidades do tempo, para o bem moral-religioso da família e da sociedade. Depois mostra o conteúdo, que, “por clareza”, distribui em três partes:

1ª) Afirma que a mulher pode e deve ser auxílio moral e religioso para o homem; a mulher se ponha ao lado da missão do sacerdote “para com ele cooperar conforme os tempos, as circunstâncias, a sua feminilidade”. E se manifesta sensibilizado pelas palavras de José Frassinetti, que fala de um “quase sacerdócio, um verdadeiro apostolado…”.

2ª) Traça um esboço da multiplicidade das obras pertinentes ao “zelo delicado e fecundo da mulher”.

3ª) Fala da função que compete ao clero: “formar a mulher para toda a sua missão, guiá-la prudentemente, fazer dela uma apóstola”, reconhecendo que o que propõe é apenas “uma amostra de um grande estudo que outros deverão assumir”. Indica também o objetivo do livro, que é a utilidade, detendo-se sobre “quão importante hoje é levar a conhecer”; sem evitar repetições, nem cuidar do estilo, com muitas citações, convidando a fixar o olhar nos meios práticos “com que favorecer as almas”. Finalmente confia o livro a Jesus, Mestre e modelo dos sacerdotes, e a Maria, o ideal altíssimo da missão da mulher e conselheira do zelo apostólico. Aos Anjos da Guarda e “à bondade e benigna compaixão” dos coirmãos.

Uma breve síntese dos argumentos que nos são propostos por A mulher associada ao zelo sacerdotal evidencia ao menos estas afirmações: a) A relação homem-mulher não se realiza apenas no matrimônio, pois pode e deve ocorrer também numa associação apostólica entre mulheres e sacerdotes; b) a pastoral deve ser renovada adotando a colaboração da mulher, como primeiro e mais importante meio para chegar à salvação do homem; c) o cuidado pastoral deve ser renovado assumindo a modernidade, entendida como o conjunto dos instrumentos novos e eficazes na atividade pastoral, como é a imprensa, para chegar à sociedade toda de hoje, cada vez mais distante da Igreja.

Padre Alberione pretende renovar meios e formas do ministério pastoral para melhor responder às necessidades dos tempos. Renovar-se foi o seu desafio, e é o mesmo para os herdeiros deste texto: aproveitando o que nele há de perene, encontrar meios e formas para levá-lo a efeito hoje. Vale a pena ainda acreditar, como padre Alberione, que qualquer iniciativa pastoral ou apostólica, concebida somente no masculino, com a exclusão ou em competição com a mulher (ou somente no feminino, ou em competição com o homem) estaria fadada ao fracasso. No pano de fundo de A mulher associada ao zelo sacerdotal permanece uma proposta de “cooperação”, de “associação” por parte do Fundador para que sua Família se torne sujeito unitário, tanto da formação quanto da missão paulina, a qual, centrada na comunicação, deve-se realizar numa Igreja e num mundo chamados a transfigurar-se juntos em uma só família: a família de Deus.

JOVEM, VENHA SER PADRE OU IRMÃO PAULINO!

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