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07/12/2020

Do Advento ao Natal

Por Pe. Darci Luiz Marin, ssp*

Esta época do ano é particularmente expressiva para acentuar, refazer ou descobrir a essência do novo mandamento anunciado por Jesus: “amai-vos uns aos outros” (cf. Jo,13,34). Para traduzir em prática o amor de Deus para conosco: “o Verbo divino se fez carne e habitou entre nós” (cf. Jo 1,14).

Este ano a humanidade vivenciou um solavanco histórico de grande relevo, com a pandemia do Coronavírus, preocupando a todos — mas sobretudo ceifando milhares de vidas de pessoas mais idosas e fragilizadas. Milhões de pessoas, seguindo orientações sanitárias, auto impuseram-se regime de quarentena. Esse fato provocado por um vírus invisível, que se espalhou pelo mundo densamente urbanizado e propiciador de rápidos deslocamentos, faz-nos repensar os caminhos até agora percorridos. A humidade é urgentemente chamada a rever seu modo de conviver na Casa Comum: mais cuidado e menos dilapidação da natureza, mais fraternidade e menos competição, mais generosidade e menos ganância…

Também em nosso meio, particularmente nos últimos anos, criaram-se situações demarcadoras de diferenças, acentuando conflitos corrosivos à dignidade alheia, em lugar de se buscar horizontes comuns. Ajudados pelos repetidos apelos do Papa Francisco é chegada a hora de despertar efetivamente para a cultura do encontro, no respeito a todos.

O tempo do Advento nos ajuda a fazer passos nesse sentido. Para além dos sinais próprios deste tempo, que despertam para a sensibilidade em dialogar com o outro, é recomendável também visibilizar – nos âmbitos familiar e comunitário – símbolos que animem a fraternidade entre as pessoas – através do “admirável sinal” do presépio, por exemplo. “O coração do presépio começa a palpitar, quando colocamos lá, no Natal, a figura do Menino Jesus. Assim se nos apresenta Deus, num menino, para fazer-se acolher nos nossos braços. Naquela fraqueza e fragilidade, esconde o seu poder que tudo cria e transforma. Parece impossível, mas é assim: em Jesus, Deus foi criança e, nesta condição, quis revelar a grandeza do seu amor, que se manifesta num sorriso e nas suas mãos estendidas para quem quer que seja” (Papa Francisco, carta Admirável sinal 8, 1/12/19).

Que as luzes do Natal iluminem nosso caminho para que sejamos fieis às palavras do profeta Isaías, atualizadas por Mateus: “uma grande luz brilhou para nós” (cf. Mt 4,16); fazendo-nos ver que Deus nos ama não por nossos méritos interesseiros mas porque somos pessoas necessitadas.

Alcançados pelo brilho dessa grande luz, façamos coro com os anjos na gruta de Belém: “glória de Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos seres humanos por ele amados” (cf. Lc 2,14).

*Coordenador de Conteúdo dos Periódicos Paulus

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