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20/06/2020

12º Domingo do Tempo Comum

Testemunho corajoso

Três vezes no Evangelho de hoje aparece a expressão “não tenhais medo”. Sinal de que, nas primeiras comunidades dos seguidores de Jesus, o medo era um problema sério. Medo de anunciar e viver o Evangelho de Jesus e assumir as consequências que isso comportava: conflitos, perseguição e morte.

Os seguidores de Jesus, no entanto, pela força do batismo e do Espírito que nos santifica, temos a missão de proclamar ao mundo todo a boa notícia de que Deus nos transformou em filhos e assim nos quer sempre, vivendo como irmãos. Testemunhar a boa notícia de Deus para o mundo significa mostrar com a própria vida que os mesmos sentimentos e atitudes de Jesus estão também em nós, proclamando o Evangelho com a vida e, ainda que menos importante, também com as palavras.

A palavra “martírio” quer dizer “testemunho”. De fato, os mártires são aqueles que venceram o medo de assumir as consequências do anúncio do Evangelho. Deram testemunho até o fim, assumindo o compromisso até a morte, como Jesus.

Somos convidados hoje a pensar em nossa missão de batizados, em como estamos testemunhando nossa fé, em como deixamos claro para o mundo que a alegria de ter encontrado Jesus e ser transformados por ele não cabe em nós e transborda para todos em todas as situações, mesmo as mais difíceis e conflitivas.

“Declarar-se por Jesus” significa não cair num relativismo em que tudo é possível e tudo dá no mesmo. O testemunho cristão exige a coragem profética de denunciar tudo o que está em desacordo com os princípios que o Mestre nos deixou. Princípios como o da misericórdia, da fraternidade, da vida defendida sempre, da justiça do Reino… E isso sem cair no fanatismo e na intolerância, mesmo porque o testemunho cristão é uma oferta gratuita, não uma imposição. O nosso testemunho, enfim, será autêntico se for radical, não de extremos. A radicalidade de quem encontra a profundidade, a própria raiz, na experiência com o Mestre, e não em posições extremas de defesas ideológicas que, no final, podem ter pouco a ver com o Evangelho mesmo.

Pe. Paulo Bazaglia, ssp