Por Pe. Darci Luiz Marin, ssp
Hoje, 27 de agosto, lembramos 21 anos da Grande Passagem de D. Helder para a eternidade.
Helder Pessoa Câmara (1909-1999) identifica-se com profecia. Sua marcante história de vida ecoa alto e bom som as bem-aventuranças do Evangelho. E quem vive as bem-aventuranças atualiza a mensagem de Jesus, nas palavras do papa Francisco: “Jesus nos explicou, com toda a simplicidade, o que é ser santo; assim o fez quando nos deixou as bem-aventuranças (Mt 5,3-12; Lc 6,20-23). Essas são como que a carteira de identidade do cristão” (Gaudete et Exsultate – sobre o chamado à santidade no mundo de hoje,63).
Helder transitou pelo mundo, a maior parte do tempo nas periferias humanas e existenciais, como faixo de luz ao longo de todo o século XX. Além de marcar fortemente a história da Igreja local de Olinda e Recife, onde foi arcebispo de 1964 a 1985 (depois de ter sido bispo auxiliar no Rio de Janeiro de 1952 a 1964); suscitou o nascimento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – imprimindo-lhe ardor missionário; bem como ao Conselho Episcopal Latino Americano (CELAM). Ajudou em primeira linha a aprofundar as raízes dessas instituições no coração do Evangelho.
De vida austera, característica de quem assume a profecia, tornou-se missionário da Palavra de Deus com sua voz marcante e inconfundível e com seu testemunho de vida. Não teve medo de associar-se à defesa dos direitos humanos, confiando plenamente nas palavras de Jesus a seus apóstolos (cf. Mt 10,26-33), mesmo em meio a contextos de perseguição e de influentes meios de comunicação que lhe calaram a voz. Nunca esmorecer em ser defensor de uma Igreja simples, voltada para os empobrecidos e pela não-violência.
A sociedade e a Igreja o reconhecem exemplo de humanidade. Foi indicado quatro vezes ao prêmio nobel da paz e, em 2017, ainda que tardiamente, o Congresso nacional o declarou patrono brasileiro dos direitos humanos. No final de 2018 foi entregue à Comissão da causa dos santos, no Vaticano, a documentação produzida pela arquidiocese de Olinda e Recife para a sua beatificação.
Os tempos preocupantes pelos quais passamos, reflexo da pandemia que se abateu em 2020 sobre toda a humanidade, torna ainda mais urgente pensar que todos estamos navegando no mesmo oceano – ainda que a maioria em frágeis embarcações. O que é feito ou não a alguém reflete em todos os demais. A crise que se abateu sobre a humanidade deveria ajudá-la a repensar caminhos de vida digna para TODOS. A humanidade é urgentemente chamada a rever seus planejamentos e seu modo de conviver na Casa Comum: mais cuidado e menos dilapidação da natureza, mais fraternidade e menos competição, mais generosidade e menos ganância…