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27/08/2020

21 anos da morte do dom da paz, dom Helder Câmara

Por Pe. Darci Luiz Marin, ssp

Hoje, 27 de agosto, lembramos 21 anos da Grande Passagem de D. Helder para a eternidade.

Helder Pessoa Câmara (1909-1999) identifica-se com profecia. Sua marcante história de vida ecoa alto e bom som as bem-aventuranças do Evangelho. E quem vive as bem-aventuranças atualiza a mensagem de Jesus, nas palavras do papa Francisco: “Jesus nos explicou, com toda a simplicidade, o que é ser santo; assim o fez quando nos deixou as bem-aventuranças (Mt 5,3-12; Lc 6,20-23). Essas são como que a carteira de identidade do cristão” (Gaudete et Exsultate – sobre o chamado à santidade no mundo de hoje,63).

Helder transitou pelo mundo, a maior parte do tempo nas periferias humanas e existenciais, como faixo de luz ao longo de todo o século XX. Além de marcar fortemente a história da Igreja local de Olinda e Recife, onde foi arcebispo de 1964 a 1985 (depois de ter sido bispo auxiliar no Rio de Janeiro de 1952 a 1964); suscitou o nascimento da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) – imprimindo-lhe ardor missionário; bem como ao Conselho Episcopal Latino Americano (CELAM). Ajudou em primeira linha a aprofundar as raízes dessas instituições no coração do Evangelho.

De vida austera, característica de quem assume a profecia, tornou-se missionário da Palavra de Deus com sua voz marcante e inconfundível e com seu testemunho de vida. Não teve medo de associar-se à defesa dos direitos humanos, confiando plenamente nas palavras de Jesus a seus apóstolos (cf. Mt 10,26-33), mesmo em meio a contextos de perseguição e de influentes meios de comunicação que lhe calaram a voz. Nunca esmorecer em ser defensor de uma Igreja simples, voltada para os empobrecidos e pela não-violência.

A sociedade e a Igreja o reconhecem exemplo de humanidade. Foi indicado quatro vezes ao prêmio nobel da paz e, em 2017, ainda que tardiamente, o Congresso nacional o declarou patrono brasileiro dos direitos humanos. No final de 2018 foi entregue à Comissão da causa dos santos, no Vaticano, a documentação produzida pela arquidiocese de Olinda e Recife para a sua beatificação.

Os tempos preocupantes pelos quais passamos, reflexo da pandemia que se abateu em 2020 sobre toda a humanidade, torna ainda mais urgente pensar que todos estamos navegando no mesmo oceano – ainda que a maioria em frágeis embarcações. O que é feito ou não a alguém reflete em todos os demais. A crise que se abateu sobre a humanidade deveria ajudá-la a repensar caminhos de vida digna para TODOS. A humanidade é urgentemente chamada a rever seus planejamentos e seu modo de conviver na Casa Comum: mais cuidado e menos dilapidação da natureza, mais fraternidade e menos competição, mais generosidade e menos ganância…

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