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11/06/2015

Onde está o amor?

Por João Paulo da Silva, Postulante Paulino

“Nós temos que entender: a Eucaristia nos ensina que o mundo pode ser transformado pela fé”

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Nos púlpitos de muitas igrejas, ouve-se sempre a expressão “Deus é amor”, ou “Deus, fonte do amor”. De fato, isto é a realidade. Porém encaramos situações que em nada refletem este amor divino. Vivemos um momento difícil em que banalizamos a fé e construímos espaços de “adorações” humanas. Acabamos de viver o dia de Corpus Christi; este dia, que outrora era tão especial para muitos neste país, tornou-se apenas um feriadão prolongado para a maioria. O Deus, que é amor, está perdendo o espaço no meio dos homens.

Os cantos de glória ao Deus feito pão foram suprimidos pelos sons potentes dos carros, gritos, bebedeiras e algazarras. E, assim, o Cristo foi silenciado. Quando olhamos a presença eucarística, não podemos ver o que se esconde por trás daquele presente tão especial. Ali está o defensor dos pobres, ali está o defensor dos sofredores, ali está o defensor dos adoradores.

Certa vez, ao ler um livro, de cujo autor não lembro o nome, no momento, uma frase me chamou profundamente a atenção, ela dizia isso: “Sabemos, pois, que o amor nunca foi amado, mas este mesmo amor amou a todos e não deixou ninguém de fora”. E este amor fez-se e faz-se presente em cada celebração.

O que fora crucificado há quase dois mil anos volta a ser xingado e oprimido novamente. O sofrimento do Calvário parece retornar ao cotidiano. E como diz o profeta Isaías (53,7), ele volta a ser “oprimido e humilhado, mas não abre a boca; tal como cordeiro”, pois entende que os homens são egoístas e não conseguem reconhecê-lo.

Olhemos ao nosso redor e vejamos quanto sofrimento existe, ele não é fruto do crucificado, ele é fruto da soberba humana. Olhemos os nossos moradores de rua, eles não são fruto da Igreja, mas de uma degradação que o próprio homem gera. Olhemos as pessoas que sofrem nas filas dos nossos hospitais, isto não é fruto da Eucaristia, é fruto da ganância. Jesus eucarístico é o contrário de tudo isso. Ele, em sua entrega total, mostra que a humildade vence tudo; mostra, também, que a ganância é mãe dos assassinatos culposos e dolosos. Pois, quando alguém morre em um corredor de um hospital, é sinal de que não estamos fazendo o que Jesus nos ensinou com a sua paixão, mas que estamos do lado dos algozes.

Nós temos que entender: a Eucaristia nos ensina que o mundo pode ser transformado pela fé, que nós podemos e devemos colocar em prática os ensinamentos de Jesus, e nunca abandonar o amor. Quando tivermos outro “feriadão”, façamos a experiência de nos alimentarmos do Cristo e colocar em prática o que seu Santo Sacrifício nos ensina: esvaziar-se de si mesmo para preenchermo-nos das bênçãos e distribuí-las em nossas ações. Que a nossa próxima procissão seja de louvor e de respeito e que o nosso empenho seja para viver verdadeiramente a fé. Depois que fizermos isto, saberemos que o amor está em Deus, porque Ele é amor.