Os conteúdos da mensagem de salvação para serem transmitidos através dos meios de comunicação devem ser tratados com os cânones próprios de tais meios, os quais têm linguagem, método e leis próprios. Por isso, todos os que trabalham com eles devem possuir uma grande capacidade profissional e verdadeira estrutura apostólica. A primeira garante o respeito pela dinâmica própria dos instrumentos; a segunda, a autenticidade da mensagem.
São estas as condições para salvaguardar os dois polos de toda evangelização, mas especificamente a que é feita através dos meios de comunicação. A fidelidade a Deus deve ser acompanhada da fidelidade ao homem e ao mundo. A mensagem da salvação chegará assim à pessoa que a recebe, sem manipulações nem instrumentalizações de gênero algum. Padre Alberione estava convencido, e afirmava-o frequentemente, de que esta nova forma de missão “não é tarefa para amadores, mas para verdadeiros apóstolos”; que o escritor deve estar antes de mais nada, “penetrado no espírito do Livro divino, para poder depois transmiti-lo aos outros”.
Por isso, dirigindo-se às massas, o apóstolo moderno deve utilizar não só os instrumentos técnicos adequados, mas também uma linguagem e um estilo acessível ao povo. “Isto não quer dizer que basta uma ciência medíocre, precisa pe. Alberione. Pelo contrário, é necessária uma ciência mais alta, à qual deve acrescentar-se a capacidade específica para comunica-la a todos com clareza”. Por isso, a partir dos estudos de base, todos os candidatos ao apostolado da comunicação social devem ter este grande ideal: saber comunicar aos homens de hoje.
O serviço do Evangelho no campo da comunicação das massas constitui um fato “social”: exige o concurso de muitas pessoas organizadas em grupos de trabalho e em articulações diversas, tendentes ao mesmo objetivo. Basta conhecer um pouco este ambiente, para encontrar grupo de investigadores, jornalistas, autores, técnicos (da parte gráfica, do som, da iluminação etc.): um verdadeiro exército de tropas escolhidas com tarefas diversas mas com um só objetivo. Podemos dizer seguindo a opinião dos peritos que sem organização não há comunicação. Padre Alberione compreendeu-o desde o início, quando pensou dar cumprimento à inspiração de Deus, mediante uma organização complexa, concretizando-a depois numa “família” de comunidades religiosas. Tinha consciência nítida desta necessidade quando escrevia:
“Para nós, a “vida comum” nasceu do apostolado e em vista do apostolado. Este aspecto de sociedade em vista de um fim abrange também o bem comum dos Membros; mas, ao mesmo tempo, a própria observância da vida conventual supõe uma organização que tenha isto em conta: ‘estamos a serviço das almas’; somos religiosos-apóstolos.”
Em modo igualmente explícito, o Fundador fazia notar que o “apostolado paulino exige um numeroso grupo de redatores, técnicos e propagandistas”. E entre estes deve existir rigorosa colaboração.
“Todos devem estar de acordo, como se concertam entre si os artistas que apresentam uma bela obra”. O exemplo da orquestra é perfeitamente adequado. Se o conjunto está bem afinado, teremos uma estupenda sinfonia: diversamente, produz desafinação e confusão. Assim acontece com tentativas apostólicas não organizadas. “Quantas vontades e energias desunidas que se esgotam em desejos tentativas e ilusões!”. E depois destas imagens preciosas, Pe. Alberione concluía com uma preparação simples e caseira, a do pão: “É necessário que todos juntos preparemos o pão do espírito e da verdade.
O binômio para ele indispensável, de Sacerdote & Discípulo = Paulino, para além a necessidade de uma Família Religiosa e de Cooperadores leigos, nascia disto: redatores, técnicos, propagandistas, todos juntos, todos unidos, para elaborar a mensagem de salvação, multiplica-la e fazê-la chegar oportunamente ao maior número possível de pessoas.
Alguns anos mais tarde, Marshall McLuhan (1911-1980), conhecido como o teórico-profeta dos “mass-media”, confirmava este fenômeno típico da comunicação: nela o sujeito não é um indivíduo isolado; o “verdadeiro criador da mensagem é “o conjunto daqueles que permitem o funcionamento do meio de comunicação”. Em suma, o verdadeiro sujeito da comunicação não é o eu, mas o nós.
Extraído do livro: Padre Alberione, Comunicador do Evangelho, ´
Família Paulina 2003, p. 35-45