Por George Wagles, Seminarista Paulino
Timóteo Giaccardo nasceu em Narzole (Cúneo, Itália), no dia 13 de junho de 1896, sendo o primeiro filho de Estêvão Giaccardo e Maria Gagna. Batizado como “José Domingo”, o Bem-aventurado Giaccardo, desde pequeno se destacou pela sua capacidade intelectual, fazendo com que esse dom divino se multiplicasse – como os talentos do servo bom apresentado por Jesus no Evangelho (Mt 25, 14-18) – de modo a conquistar a estima e o respeito de muitos de seus mestres.
Um dos eventos mais importantes na vida de Giaccardo aconteceu ainda em sua juventude. Em maio de 1908, o menino José encontrou-se pela primeira vez com o Padre Tiago Alberione, após uma oração da tarde, no último domingo do mês dedicado à Santíssima Virgem Maria. Sabendo que o garoto nutria um forte desejo de tornar-se sacerdote, Padre Alberione incentivou, espiritual e financeiramente, o ingresso no seminário de Alba, daquele que seria seu fidelíssimo colaborador. Fascinado pela obra do Pe. Alberione, o Pe. Giaccardo pediu ao seu bispo, dom Francisco Re para deixar o seminário e se unir à obra da boa imprensa. Foram-lhe dadas as seguintes condições: “Se desejas estar com os jovens de Pe. Alberione, deves renunciar ao hábito clerical e ao teu sacerdócio”. Ele aceitou-as com um aperto no coração, mas sem medo de se doar por essa obra, oferecendo tudo a Deus por meio de Maria. Em 30 de junho de 1920, Giaccardo professou solenemente seus votos na nascente Pia Sociedade de São Paulo. Nessa ocasião, o Primeiro Mestre, Pe. Alberione, deu-lhe o nome de Timóteo, referindo-se ao discípulo diletíssimo colaborador de São Paulo Apóstolo.
Seu zelo pelo carisma paulino e o ardor com que ensinava os primeiros jovens lhe renderam o título de “Senhor mestre”, por ser muito querido, escutado e respeitado, tanto dentro como fora da Congregação. Giaccardo destacou-se, sobretudo, pela profundidade de sua vida e pela competência de suas ações. A todos encantava com seus bons exemplos: “tudo ensinava, a todos consolava, tudo construía com oração iluminada e fervorosa; tudo compreendia e a todos sua alma se comunicava; fez-se tudo para todos; o primeiro, julgando-se o último”. Ele foi responsável por impulsionar a Família Paulina, jamais desanimando diante das incompreensões e das dificuldades daqueles primeiros anos. O Bem-aventurado Timóteo Giaccardo buscou viver também o silêncio operante, reconhecendo neste um caminho de comunicar-se com Deus e com as pessoas.
Sustentar-se do Evangelho, para ele, implicava buscar continuamente uma amizade real e sincera com Deus. Empenhou-se em viver de maneira insigne o espírito, o carisma paulino. Em sua trajetória, permaneceu fielmente ao lado do Fundador, o Bem-aventurado Tiago Alberione, sem nunca estimar honrarias e privilégios, nem lamentar o cansaço, ainda que o cumprimento de suas muitas atribuições exigisse um enorme desprendimento de si e uma grande disposição para os serviços mais humildes e escondidos.
Sua vida, embora tenha transcorrido brevemente sobre a terra, é ainda hoje um sinal eloquente do que é possível ao homem que se abre plenamente à graça de Deus. Acometido por uma leucemia fulminante, o primeiro padre paulino fechou seus olhos para este mundo no dia 24 de janeiro de 1948, véspera da Festa da Conversão de São Paulo. O Bem-aventurado Tiago Alberione, certa vez, disse o seguinte a seu respeito: “Era o mestre na piedade… Foi mestre de apostolado. Ele o sentia, o amava, o desenvolvia… Era um suscitador de energias, um suporte para os fracos, luz e sal no sentido evangélico. Na Família Paulina era como o coração e a alma”.
Peçamos, portanto, ao Senhor a graça de sermos exemplos e instrumentos da sua misericórdia, como o foi o Bem-aventurado Timóteo Giaccardo, cuja memória litúrgica celebramos no dia 19 de outubro, três dias antes da sua beatificação pelo Papa João Paulo II, no dia 22 de outubro de 1989. Que do céu o Pe. Timóteo lance seu olhar sobre nossa caminhada terrena, encorajando-nos a seguir em frente. Por sua poderosa intercessão, sejamos auxiliados no seguimento desse mesmo caminho escolhido pelo primeiro sacerdote paulino que acreditou na evangelização com os meios modernos, a fim de que, assim, alcancemos a felicidade eterna.
Bem-aventurado Timóteo Giaccardo, rogai por nós.
