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30/10/2022

Jesus, o Mestre

Por Eduardo Maciel, Seminarista Paulino

Em tempos de tanta inverdade e ódio, Jesus Mestre quer nos ensinar. Falar do Mestre da vida é falar do maior projeto de Amor: ele se deu para a redenção da humanidade, unindo toda a criação no vínculo da unidade e da paz, porque “do que era dividido fez uma unidade” (Ef. 2, 14). A vida, portanto, não encerra na morte, mas continua na ressurreição. Ele, o divino Mestre, é Amor que não passa, é palavra que não engana, é serviço sem interesse. Mas que amor é esse? O que estamos fazendo com os ensinamentos de Jesus? O bem-aventurado Tiago Alberione nos ajuda a compreender melhor.

“Mas quem é o Mestre? Para os homens, é aquele que adquire o saber com o próprio esforço e que o comunica aos demais, enriquecendo-lhes a inteligência com novos conhecimentos. Em se tratando de Jesus Mestre, entendemos esta expressão MESTRE num sentido muito mais amplo. Ele nos comunica não só a ciência, mas comunica sua própria vida aos discípulos, fazendo-os iguais a ele. Forma-os para a vida divina e guia-os para a vida eterna” (Pe. Tiago Alberione).

Minhas irmãs e meus irmãos, se o próprio Deus se fez homem, sofreu e foi morto por amor a nós, o que deu errado na mensagem do Evangelho? Se carregamos o nome de “cristãos”, não deveríamos buscar nos configurar a ele? Será que assumimos hoje a identidade daqueles que achavam um perigo as palavras daquele “homem de Nazaré”, chamado Jesus?

Celebrar Jesus Mestre é fazer memória atualizada da encarnação de Deus na história do seu povo. É trazer os fatos de desumanidade e crueldade que os homens tiveram com Jesus, mas é sobretudo dizer um basta à morte, à violência e ao ódio e isso implica ir contra tantos mecanismos estruturais que cerceiam e torturam a vida, em muitos, até a morte.

É como a história de um jovem nascido na periferia de São Paulo, que via, sentia e ouvia desde cedo o duro sofrimento da vida. O jovem estudante do ensino médio todo o santo dia olhava sua mãe sair de madrugada para pegar o trem e dois ônibus para chegar ao seu trabalho. Sua mãe sempre que podia falava que todo o esforço dela era para ver o filho ingressar numa universidade pública e ser o primeiro da família a ter um ensino superior – para que ele não tivesse a mesma vida que ela, além de só ter o ensino fundamental – só sobrevivia e não vivia. Algo mudou drasticamente os caminhos dessa família.

A mãe sempre sentia dores muito fortes no estômago – ao ponto de tossir sangue – um dia teve uma crise no trabalho e foi parar num posto de atendimento. Após horas de espera na fila, o médico deu a ela um remédio para passar temporariamente a dor (até porque só tinham aquela medicação) e passou uma série de exames, porém, a máquina de endoscopia estava quebrada fazia quatro meses e os outros exames só tinham agenda para dois meses a partir daquela data. A mãe e o filho nunca mais seriam os mesmos. E agora? O que fazer? Esperar? A responsabilidade da casa agora era do filho. Não por opção, mas por sobrevivência. O sonho da mãe e do filho não vai mais ser possível, porque o que era sonho, tornou-se necessidade. Um longo e doloroso processo começava: a luta entre a vida e a morte.

            A história dessa família é análoga a tantos casos de sofrimento e morte: são histórias, contextos, dores e angústias que se entrelaçam com a vida do Cristo. Isso lembra claramente a fuga da família de Nazaré: estavam sendo perseguidos, não tinham nada, sem assistência alguma e o filho condenado à morte, ou melhor, condenados a morrer. O que se espera de quem não tem nada?  o que se consegue sem as condições básicas de sobrevivência?

Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida da humanidade, abra os olhos para ver tantas realidades que impedem a instauração do reino de Deus. Que a insensibilidade dê lugar à sensibilidade, que a intolerância dê lugar ao respeito, que a desonestidade dê lugar à honestidade, que a inverdade dê lugar à verdade.

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