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11/03/2022

Uma tremenda responsabilidade

Por Pe. José António Perez - Tradução para o português: Felipe Borges

Todos estamos convictos que a espiritualidade é a alma de toda a vida e que, sem uma espiritualidade forte, o carisma estaria morto ou gravemente doente. E para nós a espiritualidade integral se encontra em Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida. “Fundamentais são os artigos das Constituições [de 1950]: A piedade deve nutrir-se de modo particular e contínuo do estudo de Jesus Cristo Mestre Divino, que é o Caminho, a Verdade e a Vida… devemos cuidar que os estudos se orientem e se cultivem com o escopo de conhecermos sempre mais intimamente Cristo, nosso Mestre Divino, que é o Caminho, a Verdade e a Vida, a fim de que o mesmo Jesus Cristo se forme plenamente em nossa mente, em nossa vontade e em nosso coração…Todo homem em Jesus Cristo… Tudo, natureza, graça e vocação, para o apostolado. ” (AD 96-100). “Assim se é tanto mais paulino, quanto mais se vive desse espírito e nesse espírito” (San Paolo, 1962).

O bem-aventurado Tiago Alberione deixou um meio indispensável para manter viva essa “espiritualidade”: a assim chamada “Visita”, a hora de adoração ao Santíssimo Sacramento. Não é um tema de moda, mas não poderia ser talvez o descuido desse meio – já constatado e lamentado por Pe. Silvío Sassi, que a definia “herança inalienável” – a explicar o déficit de espiritualidade que muitos paulinos e paulinas estão lamentando na Família Paulina?

Dizia o Pe. Alberione em 1960: “A Visita verdadeira é uma alma que permeia todas as horas, as ocupações, os pensamentos, as relações etc. É uma seiva ou corrente vital, que tudo influencia, comunica o espirito também às coisas mais comuns. Forma uma espiritualidade que se vive e comunica” (UPS II 110, p. 265). Quantos encontros, quantos documentos publicados! Dizia o fundador: “Antes de pedir tantos conselhos e tantas reflexões, é necessário recorrer ao Mestre: ele é a Verdade e a esperança mesma…” (APD 1963, pp. 513-514). “A Visita ao Santíssimo Sacramento para o apóstolo é como uma audiência, uma escola, onde o discípulo ou o ministro se entretém com o Divino Mestre” (Santificazione della mente, p. 122).

Quando se fala dessas coisas, alguns relacionam imediatamente ao “espiritualismo”, negação prática do espírito apostólico. Essas afirmações são, ao invés, de Pe. Tiago Alberione, o qual não é nada suspeito de espiritualismo, antes, é um dos maiores apóstolos do nosso tempo. “É verdade que há o dever de fazer o apostolado – recordava o Fundador -, mas em modo absoluto se deve dar a precedência às práticas de piedade, e entre as praticas de piedade há esta de grande valor: a Visita ao Santíssimo Sacramento” (Fedeltá allo spirito paolino, pp. 29-38). Óbvio: não é questão só de fazê-la, mas empenhar-se em fazê-la bem.

Adverte-se que a celebração da Eucaristia é o centro; dizia já o Fundador que a Missa é “o sol da espiritualidade, rainha das devoções, fonte da água viva e da graça, que comunicam os sacramentos” (UPS II 25 p. 231). Justo: mas a visita não obscurece a Celebração, em vez disso a valoriza, a aplica a vida real e concreta da pessoa.

Não esqueçamos a afirmação do Fundador: “A hora de adoração na Família Paulina, particularmente pelo seu próprio apostolado, é necessária. Ter-se-ia uma tremenda responsabilidade se não estivesse prescrita: o religioso paulino não teria o suficiente alimento para sua vida espiritual e para seu apostolado. Mas quem a omite assume sobre si tal responsabilidade…” (UPS II, 10 p. 223).

Mais claro, impossível.

*Pe. José António Perez é membro do Centro Internacional de Espiritualidade Paulina