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15/03/2023

Aonde vais, Senhor?

Por Pe. Boguslaw Zeman, ssp , Vigário geral da Pia Sociedade de São Paulo

 

Se é verdade, como se conta, um dia, durante a perseguição em Roma, São Pedro se sentiu desencorajado e estava prestes a sair da cidade. O Senhor o deteve e disse-lhe: Quo vadis? Pedro então voltou com coragem [e chegou] até derramar seu sangue no monte Vaticano (FSP55 174).

Nesta meditação dirigida às Filhas de São Paulo, o beato Tiago Alberione lembrou um evento conhecido do livro apócrifo Atos de Pedro. Trata-se de uma tradição segundo a qual, durante a perseguição aos cristãos ordenada por Nero, Pedro decidiu deixar Roma para evitar o martírio. Enquanto fugia, Jesus apareceu para ele na Via Ápia, caminhando em direção à cidade. Pedro perguntou: “Quo vadis, Domine?” e ouviu em resposta: “Vou a Roma para ser crucificado novamente”. O fruto desse encontro foi o retorno de Pedro a Roma, onde morreu mártir por volta de 64. Próximo às catacumbas de São Calisto, há uma pequena igreja que lembra esse encontro entre Pedro e Jesus na Via Ápia.

A Quaresma pode ser um momento em que encontramos Jesus e descobrimos que nossos caminhos seguem em direções opostas. E então? Podemos continuar em nossa direção, nos afastando dos mistérios pascais da vida e do cumprimento da vontade de Deus. Ou podemos voltar, nos converter e retomar o caminho do Mestre e segui-lo, aceitando o mistério da cruz em nossa vida.

Quo vadis, Domine?” – é uma boa pergunta porque provoca outra: Quo ego vado? Para onde estou indo? Estou caminhando com Jesus, que foi crucificado? Às vezes, de boa fé, podemos estar tão envolvidos na vida que, mesmo cheios de paixão apostólica, não percebemos uma mudança de direção, um abandono das prioridades, uma perda do discernimento correto sobre a realidade. Acreditamos na correção de nossas decisões, que podem se revelar erradas. Também acontece de fugirmos. Então é bom encontrar Jesus e perguntar-lhe o caminho.

Nossa conversão quaresmal pode ser acompanhada pela pergunta de Pedro: “Quo vadis, Domine?” que nos ajudará a avaliar corretamente o caminho de nossa jornada seguindo Jesus.

O exemplo de São Pedro, lembrado por nosso Fundador, também é um incentivo para viver de maneira saudável nossa própria pecaminosidade; não como um motivo para nos condenarmos, mas como uma circunstância que gera em nós a necessidade de reconhecer nossa culpa e aceitar a misericórdia de Deus. Na meditação citada, Dom Alberione explica: “No paraíso há mais pecadores do que inocentes. E então? Há espaço também para nós. Havia espaço para São Paulo e houve espaço para São Pedro, e não haverá espaço também para nós? E além disso, a São Pedro Jesus deu a chave justamente para abrir [o paraíso]. Quando vê chegar uma alma que era pecadora, não se assusta, não a rejeita, porque ele também não poderia entrar. E então? Então dirá: Você fez como eu fiz, se eu estou no paraíso, você também vem, contanto que faça como eu fiz. Chorei pelo meu pecado, e desde aquele dia, com boa vontade, servi ao Senhor com grande coragem (FSP55 173-174).

Tenha uma boa caminhada quaresmal!

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