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01/11/2022

Pelos nossos caros defuntos

Por Felipe Borges, Noviço Paulino

O dia da Comemoração dos Fiéis Defuntos é marcado pela saudade daqueles que partiram deste mundo e deixaram marcas na nossa existência. Um dia para recordar a brevidade da nossa vida e a importância de estarmos preparados para fazermos bem a nossa passagem. A reflexão sobre a morte não nos deve assustar, mas encorajar a diante da finitude da vida, a valorizarmos mais, dando já aqui na terra a plenitude que queremos alcançar no céu, ou seja, vivendo a vida em Deus. Tema que na prática pastoral do tempo do fundador dos Paulinos – o Bem-aventurado Tiago Alberione – era tão forte a reflexão, que chegou a escrever no ano de 1933 o livro Per i nostri cari defunti (Pelos nossos caros defuntos = CD), que depois teve outras edições.

A recordação desta obra não visa uma nostalgia do passado, desligada da realidade, mas uma reflexão oportuna sobre o quanto em meio a tantas atividades, ocupações, conexões, reservamos um momento para refletir sobre o que estamos morrendo a cada dia para nosso egoísmo, para o pecado e vivendo a cada dia para o amor, para o bem maior. Ainda, que a lógica do mundo seja cada vez mais voltada a um falso bem-estar trazido pelo consumismo ou as conexões midiáticas que não saciam a sede que há todo ser humano de algo maior e mais profundo, mais duradouro e mais precioso.

Quando o padre Alberione exortava que: “O corpo devemos conduzir como um filhinho que amamos, que há muitas atitudes para servir o Senhor, mas que muitas vezes pode de um momento ao outro levar-nos ao engano. Vejamos que para contentar o sentido, não perdemos a alma; vemos que com o mortificar o sentido salvamos a alma” (CD, 1932, p. 113). Lembra-nos que não obstante tenhamos impulsos e desejos, devemos sempre estar atentos a salvarmos a alma, alma nesse sentido nos recorda nossa interioridade, aquilo de profundo em nós. Fazemos isso, quando cuidamos para que nossa existência não seja movidas por simples algoritmos, persuasões momentâneas, mas sim que tenha uma causa profunda em tudo aquilo que fazemos. Sem que tudo aquilo vise não responder a um simples agora, mas que aquele agora que estou vivendo tenha consequências positivas para o meu depois. Nesse sentido, recordarmos sempre que nossa vida é breve, nos faz dá-la mais intensidade e qualidade, pois seremos guiados não por meros impulsos, sim por profundas convicções.

Como as convicções que teve o padre Alberione, ao doar suas energias para oferecer a Igreja tantas congregações, institutos e associações que são fermento de transformação em meio aos homens e mulheres de hoje, vivendo a missão de dar um bem que não se compra com nenhuma moeda deste mundo, a libertação integral, por diversos modos de apostolado. Convicção que fez tantos membros da Família Paulina, doarem as suas energias sem arrependimento pelo anúncio da Palavra de vida eterna. Convicção que levou Alberione a afirmar que: “A família Paulina não termina com a morte. Os membros que morrem apenas mudam de moradia.” (CISP, 392). Porque estas convicções deixam sementes que passam de geração em geração, gerando uma alegria sem fim de doar sem medo a vida por uma causa maior. Celebrando o dia de nossos caros Fiéis Defuntos, podemos nos perguntar: Estou vivendo uma vida plena já aqui na terra? As sementes que eu vou deixar vão gerar vida para aqueles que virão depois de mim?

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