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14/06/2022

Reflexão para solenidade do Corpo e Sangue de Cristo

Por Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp

EUCARISTIA GERA COMUNHÃO E FRATERNIDADE

Nosso povo tem grande apreço pela festa de Corpus Christi. E, quando é possível, realiza solenes manifestações religiosas em torno do Cristo eucarístico, levado em procissão sobre “tapetes” coloridos, preparados com criatividade e bom gosto. Convém, entretanto, não fixarmos nossa atenção apenas nos aspectos exteriores dessa tradição da Igreja, que vem do século 13. Porque a festa de Corpus Christi nos remete à instituição da Eucaristia.

A última ceia de Jesus não foi simples refeição. Ele, que desejou ardentemente comer com seus discípulos “esta ceia de Páscoa antes de sofrer” (Lc 22,15), trazia uma novidade, uma herança perpétua para a vida da Igreja. Durante a ceia, Jesus pega um pão e, depois de dar graças, reparte-o entre eles. O pão é o próprio Jesus, pois ele diz aos apóstolos e a nós: Isto (o pão) é o meu corpo que “é entregue por vocês” (Lc 22,19). Ao receber Jesus em nós, participamos da sua vida. Depois, faz passar de mão em mão um cálice com vinho, dizendo: “Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vocês” (Lc 22,20). Sangue é vida. O sangue de Jesus derramado é vida sacrificada pela redenção do mundo.

O pão e o cálice santificados pelo Espírito criam a participação dos fiéis na mesma mesa, geram fraternidade. Então essa comunhão com Jesus e com os irmãos e irmãs não pode se reduzir simplesmente a um ritual bem encenado. O sentido profundo da comunhão vai além do espaço litúrgico ou das palavras ali proferidas. Alimentar-se do corpo e do sangue de Cristo é projetar-se para a comunhão universal. Não é possível honrar o Cristo na liturgia sem honrá-lo também naqueles que são seu Corpo à procura de dignidade e solidariedade, ou seja, em nossos semelhantes mais pobres e sofredores da sociedade: “Todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizeram” (Mt 25,40).

Celebremos, pois, a solenidade de Corpus Christi com o mesmo espírito das comunidades cristãs primitivas, que eram “um só coração e uma só alma… tudo entre eles era posto em comum” (At 4,32). Ou com a disposição dos contemporâneos de São Justino, no 2º século, quando a Eucaristia dominical se prolongava na liturgia da “assistência a todos os necessitados” (Apologia I, 67).