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01/04/2021

A Ceia da Nova Aliança

Por Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp*

Catedral de Colônia – Alemanha

Jesus celebra sua última ceia com seus apóstolos. Está bem consciente de que chegou a hora de sua paixão-morte-ressurreição. Em pensamento, ele repassa todo o bem realizado em benefício do povo. Sabe que cumpriu fielmente a vontade do Pai. Então, ao grupo reunido revela seu profundo anseio: “Desejei ardentemente comer com vocês esta ceia de Páscoa, antes de sofrer” (Lc 22,15).  Jesus dá um novo rumo, um novo sentido para a história da salvação. Com ele termina a Antiga Aliança (Antigo testamento), que celebrava a libertação do povo de Israel da escravidão do Egito, e começa a Nova Aliança (Novo Testamento), a qual realiza a nossa libertação do pecado. Na Antiga Aliança sacrificava-se um cordeiro; na Nova Aliança, quem se sacrifica é o próprio Jesus, o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29).

Na última ceia, Jesus se entrega a Deus por nós mediante o pão e o vinho. Faz do pão o seu corpo (“Isto é o meu corpo, que é entregue por vocês, façam isto em memória de mim”); e faz do vinho o seu sangue (“Tomem isto e façam passar entre vocês (…). Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vocês”). Com isso, Jesus acaba de instituir a Eucaristia: refeição espiritual para os cristãos de todos os tempos (“Todas as vezes que vocês comem deste pão e bebem deste cálice, anunciam a morte do Senhor até que ele venha” – 1Cor 11,26) e sua presença transformadora na sociedade  (“O pão que eu vou dar é a minha carne, para que o mundo tenha a vida” – Jo 6,51).

Com o gesto revolucionário do lava-pés, Jesus reafirma o que sempre ensinou: “Quem de vocês quiser ser o primeiro, seja o servo de vocês” (Mt 20,27);  “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir” (Mc 10,45). Assim é a comunidade de Jesus: comunidade de servidores. O serviço é a expressão concreta do amor: “Amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês” (Jo 15,12).

Com a ceia da Nova Aliança, Jesus confiava a seus apóstolos, e a nós, o testamento espiritual mais importante de sua vida: sua morte pela redenção da humanidade, sua incessante e eficaz presença entre nós, estímulo para a fraternidade, ousadia para denunciar as injustiças e incentivo para evangelizar o mundo inteiro.

*Sacerdote Paulino,  Conselheiro Provincial e um dos redatores de Liturgia Diária