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02/07/2020

O que é a Vida Religiosa Consagrada?

Por Pe. Antonio Lúcio, ssp

Ser religioso ou religiosa não é simplesmente ter ou possuir uma religião. O senso comum, às vezes, afirma ser isso. Quando falamos de vida religiosa consagrada, estamos falando de homens e mulheres que, deixando tudo, se dispõem a seguir Jesus Cristo através da consagração religiosa, emitindo os votos de castidade, pobreza e obediência.

Existem duas formas de vida consagrada: contemplativa e ativa.  E, segundo Juan del Río Martín, arcebispo castrense da Espanha, “elas são os dois pulmões da comunidade eclesial”.

            “Entrar hoje na ‘religião’, como se dizia antigamente, é remar contra a maré. É para pessoas muito focadas no essencial da fé, que não deseja se submeter ao pensamento único, que não se conforma com o hedonismo agradável dominante, que tem muito claro que os pobres não são artigos de modas ideológicas, que descobriram a Igreja como o maior espaço para a liberdade pessoal e comunitária, que se apaixonaram pela forma de viver o Evangelho de um Fundador ou uma Fundadora”, afirma o Arcebispo.

Ser religioso ou religiosa é optar por uma forma de vida que não está em voga, sobretudo nos dias atuais. Quem ingressa na vida religiosa com outros intuitos a não ser servir aos demais, engana-se redondamente. Qual o motivo? É uma vida que não tem aplausos, que não tem garantias, que não tem holofotes, que não traz fama. No entanto, é a forma mais bonita de viver a vida “escondida em Cristo” (Cl 3,3), de ser “sal e luz do mundo” (cf. Mt 5,13-16), de encarnar o espírito das bem-aventuranças (cf. Mt 5,1-12; Lc 6,20-49).

Precisamos “eliminar essa ideia de que os padres, monges e freiras são ‘espécies em perigo de extinção’. Deus não abandona a sua Igreja, e quando parece esgotada as águas do poço eclesial da Europa, surgem abundantes vocações nos outros continentes. Quando um carisma se apaga, brotam outras formas de vida consagrada. Mesmo entre nós, apesar do problema demográfico no Ocidente e da crise de fé, há alguns jovens que com a graça de Deus rompem com os padrões estabelecidos e entram numa Ordem, Congregação ou Instituto Secular. Ainda temos mães e pais cristãos que se alegram quando um filho ou filha vão para um convento ou para as missões. Não está tão seco o poço das nossas comunidades cristãs”, conclui Juan del Río Martín.

Quando o Papa Francisco proclamou o Ano da Vida Consagrada – início no dia 30 de novembro de 2014 e término com a Festa da Apresentação de Jesus no Templo, em 02 de fevereiro de 2016 – ele alertou aos Consagrados e Consagradas com veemência:  “A pergunta que somos chamados a pôr neste Ano é se e como nos deixamos, também nós, interpelar pelo Evangelho; se este é verdadeiramente o ‘vademecum’ para a vida de cada dia e para as opções que somos chamados a fazer. Isto é exigente e pede para ser vivido com radicalismo e sinceridade. Não basta lê-lo (e no entanto a leitura e o estudo permanecem de extrema importância), nem basta meditá-lo (e fazemo-lo com alegria todos os dias); Jesus pede-nos para pô-lo em prática, para viver as suas palavras”.

E mais: “A vida consagrada não cresce, se organizarmos belas campanhas vocacionais, mas se as jovens e os jovens que nos encontram se sentirem atraídos por nós, se nos virem homens e mulheres felizes! De igual forma, a eficácia apostólica da vida consagrada não depende da eficiência e da força dos seus meios. É a vossa vida que deve falar, uma vida da qual transparece a alegria e a beleza de viver o Evangelho e seguir a Cristo”.