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03/04/2014

A Juventude e a cultura do provisório

Por Francisco Galvão, Aspirante Paulino

Vive-se numa época de expressivas mudanças sociais, políticas, ideológicas, culturais, tecnológicas, religiosas etc., das quais ninguém está isento. O novo entra sem pedir licença e, de repente, tudo que era “velho” parece não mais gerar sentido ao “homem contemporâneo” que, infelizmente, ainda não aprendeu a saborear a vida, aquela que acontece a passos lentos.

Por outro lado, os valores humanos, éticos e cristãos são, a todo instante, contrariados pela cultura da posse, do descartável e do provisório, pondo em xeque a dimensão eterna da existência humana.

“A novidade de Deus não é como as inovações do mundo, que são todas provisórias, passam e procuram-se outras sem cessar. A novidade que Deus dá à nossa vida é definitiva. Ouvimos tantas propostas do mundo ao nosso redor; mas deixemo-nos conquistar pela proposta de Deus: a proposta d’Ele é uma carícia de amor. Para Deus, não somos números; antes, somos o que Ele tem de mais importante” (Evangelii Gaudium).

Todos, de alguma maneira, somos atingidos pela “onda de novidade” que, inicialmente, se apresenta como alimento saboroso, porém passageiro. Contudo, os jovens parecem ser os maiores “consumidores” e, ao mesmo tempo, as maiores “vítimas” da cultura do provisório. Os avanços da tecnologia, os atrativos da moda, da fama, do dinheiro e as próprias facilidades do mundo contemporâneo atraem os olhares da juventude sedenta por adrenalina e sensações sempre mais elevadas. Todavia, se tais realidades não forem encaradas com certa dose de maturidade e equilíbrio, poderão facilmente conduzir o jovem a um abismo existencial da falta de sentido.

“Quando procuramos o sucesso, o prazer, a riqueza de modo egoísta e idolatrando-os, podemos experimentar também momentos de inebriamento, uma falsa sensação de satisfação; mas, no fim das contas, tornamo-nos escravos, nunca estamos satisfeitos, sentimo-nos impelidos a buscar sempre mais. É muito triste ver uma juventude ‘saciada’, mas fraca” (Evangelii Gaudium).

Quando não há referenciais e convicções mais ou menos claras daquilo que se almeja, facilmente se perde por caminhos indicados por outrem ou mesmo pela própria sociedade que, não raras vezes, se apresenta cega em relação ao presente e ao futuro. Por isso, o Papa Francisco insiste tanto aos jovens: “Tende a coragem de ir contra a corrente. Tende a coragem da verdadeira felicidade! Dizei não à cultura do provisório, da superficialidade e do descartável, que não vos considera capazes de assumir responsabilidades e enfrentar os grandes desafios da vida”.

Portanto, jovem, seja sábio diante das propostas do mundo e não perca a referência daquilo que é essencial a uma vida plena e simples. Não permita que as novidades do tempo presente ponham em risco a autenticidade de suas escolhas e de sua própria fé. Siga atentamente os sábios conselhos do Papa Francisco de “manter viva no mundo a sede do absoluto, não permitindo que prevaleça uma visão unidimensional da pessoa humana, segundo a qual o homem se reduz àquilo que produz e ao que consome”.

Jovem, abrir-se ao novo pode ser uma experiência bela e fantástica, desde que favoreça o encontro consigo mesmo e o conduza a uma experiência autêntica com o Sagrado.