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10/12/2021

Relembranças 12: Padre José Dias Goulart

Por Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp

Padre José Dias com seus familiares nos seus 60 anos de vida sacerdotal

*Último artigo da série comemorativa aos 90 anos dos Paulinos no Brasil

José Dias nasceu aos 29 de fevereiro de 1928, em Presidente Prudente (SP), município criado em 1917 por seu pai, o Coronel Francisco de Paula Goulart. Aos 10 anos, ingressou na Congregação dos Paulinos, na Vila Mariana, capital paulista. Seguiu normalmente as várias etapas formativas até chegar à ordenação presbiteral, ocorrida em Roma, a 5 de dezembro de 1954.

Durante sua longa vida (89 anos) exerceu diversas funções: linotipista, diretor do jornal semanal “A Imprensa”, professor de língua portuguesa e literatura, superior local, conselheiro provincial, diretor de livrarias PAULUS, diretor das emissoras PAULUS de rádio, pároco, tradutor e revisor de provas.

Inteligente e vivaz. Um tanto irrequieto, custava-lhe permanecer imóvel por muito tempo. Os colegas, brincando, diziam que ele tinha rodas nos pés! Espirituoso, tinha sempre uma piada pronta para alegrar o ambiente ou afugentar qualquer início de fofoca. Habitualmente bem-humorado, conversava de bom grado com todos que encontrava, sem fazer acepção de pessoas: com mendigos, porteiros, domésticas e, por ofício, com o presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), entidade a que ele serviu por doze anos como assessor de imprensa.

Pe. José Dias foi um paulino multimidial: redigiu o Boletim de Notícias da CNBB, aplicou sua sonora e agradável voz em programas de rádio e de tevê, escreveu alguns livros, dentre os quais Maria de Jesus: Sua Vida e Missão e Maria de Jesus: Um Pensamento para Cada dia do Ano. Já na reta final dos seus dias na terra, recolheu amplo material e, após acurada pesquisa e persistente estudo, o transformou num minicompêndio de história da filosofia: “Nas Ondas do Pensamento”. Andou ajuntando vasta bibliografia em vista de escrever uma catequese sobre a Santíssima Trindade, objetivo que não teve condições de realizar.

Nos últimos tempos, visitava diariamente a livraria PAULUS, da Vila Mariana, ao lado de sua comunidade. Gostava de inteirar-se das novidades editoriais, além de alegrar-se com a presença e o interesse dos clientes. Cultivava serena vida de oração mediante a celebração eucarística e a Liturgia das Horas, que ele preferia rezar em latim.

Sentindo que sua vida entre nós encurtava, dizia não querer morrer sozinho, isolado, sem a companhia dos coirmãos. Aconteceu como quis. Quando a crise da morte o apertou, no seu quarto havia dois médicos tentando fazê-lo respirar, e uma meia-dúzia de Paulinos, como abelhas desorientadas, sem saber o que fazer. Quando os agentes de saúde chegaram e o acomodaram numa cadeira de rodas para levá-lo ao pronto socorro, provavelmente já estava sem vida.  Eram 21:30 do dia 31 de agosto de 2017. Terminou seus dias como desejava: lúcido até o final, rodeado dos coirmãos de Congregação, deixando marcas de Paulino entusiasta pela vida e a missão.

Padre Valdir (atual Superior Geral), Pe. José Dias e Pe. Antônio da Silva (atual Coordenador de Formação dos Paulinos no Brasil)