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15/07/2021

RELEMBRANÇAS – 7: Padre ANDRÉ FERRERO

Por Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp

Pe. André, terceiro da esquerda para direita em cerimônia na Gráfica dos Paulinos em 1943

Nasceu na Itália em 1908. Com 20 anos de idade, entrou na Congregação dos Paulinos, em Alba. Seguiu as etapas normais do processo formativo até o dia 15 de agosto de 1936, ocasião em que foi ordenado padre. Nesse mesmo ano partiu para o Brasil, a fim de reforçar o desenvolvimento da obra de Padre Alberione, cuja fundação em terras brasileiras tinha-se dado pouco antes (1931). Desempenhou várias funções: ecônomo, professor dos nossos estudantes, diretor da gráfica Paulus e mestre de noviços, dentre os quais fui um, em 1965.

Pe. André era um homem reconciliado com o universo. Nada o abalava.  Por falar em universo, não raro, ele se punha a contemplar o firmamento e, rodeado de nossos jovens aspirantes, dava-lhes lições de astronomia. De maneira fluente, discorria a respeito de nomes, localização e funções dos astros. Uma verdadeira enciclopédia. Na convivência social, com frequência era visto entre os estudantes.  E durante o nosso noviciado, ele se dispunha a jogar voleibol conosco. Não era propriamente um ágil e exímio atleta. Entretanto, marcava presença diária no campo. De poucas palavras, às vezes ele nos surpreendia com apenas o resumo de sua comunicação. Contam que certa vez ele e mais um grupinho do Seminário foram fazer um passeio. Lá pelas tantas, ele exclamou: “Caí”. Todos olharam para ver o que havia acontecido. Nada de extraordinário. Logo ele apontou à frente o Rio Caí, que banha vasta extensão de terras gaúchas!

A certa altura da vida, ele passou a sentir os danosos efeitos do diabetes. Os sentidos mais prejudicados foram o paladar e a audição. Por conta disso, ao atender as confissões semanais dos rapazes do Seminário, ele dava conselhos conforme a natureza dos pecados; e sua voz e orientações extrapolavam o acanhado espaço do confessionário. Então, os que estavam mais próximos acabavam se inteirando de uma parte da vida do penitente! Assim, foi diminuindo o número dos que o procuravam para se confessar. No que concerne ao paladar, portava-se com nobreza: mesmo sem sentir o gosto dos alimentos, ele comia de tudo com uma boca boa. Diante de um prato de chuchu sem sabor, ele dizia: “Não faz mal”.

Homem de profunda vida de oração, enquanto lhe foi possível, continuou a administrar o sacramento da reconciliação. Por vezes era convidado pelo Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio (Farroupilha/RS) para atender as confissões dos peregrinos. Naturalmente os dirigentes, zelosos, lhe arrumavam uma discreta salinha na qual os penitentes podiam se expressar livremente.

 Após um período de enfermidade, terminou seus dias no Hospital Nossa Senhora de Fátima, em Caxias do Sul, na manhã de 29 de abril de 1985.