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13/08/2021

Relembranças 8 – Frei Majorino*

Por Pe. Luiz Miguel Duarte, Ssp

Frei Majorino na celebração dos seus 70 anos de vida religiosa em 2012, na foto à esquerda juntamente com o Padre Vitório Saracceno

*Série de artigos comemorativos ao 90 anos dos Paulinos no Brasil

Nasceu a 3 de setembro de 1921, em Santa Cruz do Rio Pardo, interior do Estado de São Paulo. Ingressou na Congregação dos Paulinos em 1940. Francisco era seu nome de batismo, mas, a partir da sua profissão religiosa, mudou para Majorino.

Quando, em 1959, comecei a fazer parte do Seminário Paulino à Via Raposo Tavares, Frei Majorino era um dos membros da comunidade. Tinha fama de ser bom motorista e de conhecer em pormenores as avenidas, ruas e atalhos da capital paulista. Colocava esse dom a serviço da missão, fazendo entregas dos produtos PAULUS na Região Metropolitana de São Paulo. Na gráfica, foi linotipista e manejou também outras máquinas tipográficas.

Um dado curioso é que Frei Majorino tinha “sete vidas”! Calma, que esclareço! Certa vez trabalhava ele com um pequeno trator nas terras do Seminário. Por alguma razão, trator e tratorista foram parar dentro de um buraco. Majorino, no entanto, imagino assustado, escapou ileso. Em outra ocasião, por causa de uma manobra indevida, ele caiu na frente do tratorzinho ligado, o qual passou por cima do seu corpo. Dessa vez, o estrago foi visível, já que teve de ir às pressas ao pronto socorro. Seu rosto ficou inflamado, uma lua cheia, quase irreconhecível. Safou-se também desse infortúnio. Mais adiantado em idade, foi acometido por um câncer no intestino. Fez cirurgia, retiraram dele um pedaço do ógão afetado. Logo se recuperou. Não lhe faltaram outros pequenos episódios desconfortáveis, ocasionados também por sua reduzida capacidade auditiva.

Era pessoa de oração, fidelíssimo aos compromissos diários da comunidade. Confessava-se com frequência com o padre e o lugar que lhe calhassem no momento; podia ser no confessionário, na sacristia, no banco do jardim, no elevador ou no carro. Gostava de passear. Gostava também de conversar. Quando vinham Paulinos de outros países e, naturalmente, outros idiomas,  Majorino se infiltrava no meio deles e, mesmo desconhecendo a língua que falavam, chegavam a bom entendimento. Posso testemunhar que uma vez ele conseguiu se comunicar com um japonês, que só falava a própria língua!

Duas outras características de Majorino merecem ser lembradas: a hospitalidade e a generosidade. Recebia nossos familiares e os acompanhava por toda parte, arrumando-lhes acomodação e alimento. Quanto à generosidade, tinha bom coração. Colhia do nosso pomar algumas frutas, como abacate, banana, laranja, e as distribuía aos que encontrava no trajeto para casa.

Mais para o final da vida, conviveu com sérios problemas respiratórios, entretanto entregava-se inteiramente a um fiel e rigoroso tratamento à base de fisioterapia. Seus últimos dias ele os passou no Hospital Leforte, em São Paulo, até que, no dia 3 de fevereiro de 2013, o Senhor da Vida o chamou para a eternidade.