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08/10/2019

Dulce, a santa dos pobres

Por Bruno Raimundo Rosa Neto, aspirante paulino

Maria Rita Lopes Pontes, ou simplesmente Irmã Dulce, nasceu em Salvador na Bahia, em 26 de maio de 1914. O anjo bom da Bahia viveu uma vida intensa de oração e serviço aos mais necessitados.  Foi a precursora de um grande projeto social na área da saúde, e teve o seu nome indicado ao prêmio Nobel da paz no ano 1988. Após vinte e sete anos de sua morte, ela, que é do povo simples e para o povo simples, será elevada às honras dos altares pelo Papa Francisco.

Em 08 de fevereiro de 1933, logo após a sua formatura como professora, Maria Rita ingressa na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão, em Sergipe. Em 13 de agosto de 1933, recebe o hábito de freira das Irmãs Missionárias e adota em homenagem a sua mãe, o nome de Irmã Dulce. Logo após a sua profissão religiosa, Dulce retorna a Salvador e sua primeira missão é lecionar para as crianças no colégio mantido pela congregação. Mas é a partir de um olhar sensível do anjo bom, que a sua própria realidade e missão mudam de rumo. Efetivamente, andando pelas ruas do centro de Salvador, e constatando o descaso com a vida humana, sem muito pensar nas consequências, ela começa a ocupar as casas vazias, para que, assim os abandonados não fiquem ao relento.   A partir dessa atitude, a freira começa a pensar: “O que eu posso fazer para aliviar o sofrimento desse povo?”. Ela passa a pedir ajuda a fim de comprar remédios, alimentos e produtos de higiene. Não demorou muito para ela ficar conhecida no meio dos pobres e também entre os poderosos. Os proprietários das casas ocupadas pela baiana logo descobriram a invasão e expulsaram de suas casas aqueles pobres assistidos. Isso não foi motivo de desânimo, pois o anjo bom da Bahia levou os doentes e abandonados para o pátio do Convento Santo Antônio, onde ela residia.

            A princípio houve alguma resistência por parte da sua congregação, mas depois suas coirmãs perceberam que era inútil tentar parar o anjo bom da Bahia. A Irmã Dulce, com sua fé e esperança e com a ajuda de muitos e do próprio governo da Bahia, conseguiu construir um grande hospital onde era o galinheiro do Convento Santo Antônio. Por conta da extensão de suas obras de caridade, o então presidente da República, José Sarney, indica o nome dela para o prêmio Nobel da paz, em 1988. Infelizmente ela não foi escolhida para a premiação, mas isso não diminuiu o fervor daquela que fazia das ruas e do hospital a sua clausura e vida de oração. Irmã Dulce passa um período de exclaustração, ou seja, ela fica sozinha no convento, enquanto as suas colegas foram acolhidas em outras comunidades. Tratava-se de uma punição severa, já que Irmã Dulce, devido as suas obras de caridade, não conseguia cumprir as tarefas da sua comunidade. Não obstante, ela não deixou de ser religiosa. Felizmente esse rigoroso regime durou pouco tempo e o convento novamente foi habitado pelas freiras.

A Irmã Dulce nunca gozou de boa saúde, mas foi no fim de sua vida que ela foi se sentindo debilitada. Sua morte ocorreu em, 13 de março de 1992, em Salvador. Em 2013 foi beatificada pelo então Primaz do Brasil, Dom Geraldo Majella, e no próximo dia 13 de outubro de 2019, será canonizada pelo Papa Francisco no Vaticano, sendo assim a primeira santa nascida no Brasil, e passará a ser invocada como Santa Dulce dos pobres.

Santa Dulce dos pobres, rogai por nós!