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01/01/2022

Paulinos celebram 90 anos do periódico O DOMINGO

Era o ano de 1932. Havia transcorrido um ano da chegada dos primeiros missionários italianos Paulinos ao Brasil. Imediatamente iniciaram O Domingo, guardando as características de La Domenica. Como a liturgia da época era fixa (em latim), o folheto limitava-se a ilustrar a palavra de Deus com fatos da vida, anedotas, vida de santos e gravuras, ajudando o celebrante a enriquecer a homilia. A parte catequética limitava-se a apresentar matérias que tornassem mais acessível o catecismo de Pio X.

Pe. Marin, Coordenador de conteúdo dos periódicos PAULUS

A primavera trazida pelo Concílio Vaticano II (1962-1965), em especial com a Sacrosanctum Concilium, trouxe grandes mudanças também para a liturgia. Concluído o Concílio, o Fundador dos Paulinos, o bem-aventurado Pe. Tiago Alberione (1884-1971), enviou ao Brasil o recém ordenado Pe. Virgílio (1927-2016). Alguns anos após sua chegada Pe. Virgílio assumiu a redação de O Domingo, permanecendo por 30 anos. Estabeleceu criativo diálogo com D. Clemente Isnard (1917-2011), grande referência em liturgia na Igreja do Brasil, com destacada atuação no Concílio.

Pe. Virgílio nos contou em 1984 (em entrevista publicada em Vida Pastoral n.118, p.29-32): “Recebemos como herança um O Domingo ainda a engatinhar pelas sendas da transformação, mas bem vivo e com muita vontade de crescer. Como primeiro gesto, trocamos o antigo cabeçalho. A seguir, modificamos a apresentação tipográfica; eliminamos a matéria anedótica em busca de maior respiro para a Liturgia; elaboramos comentários, preces e atos penitenciais mais dinâmicos e engajados; começamos a apresentar dois breves artigos: o primeiro, ilustrando a mensagem bíblica do dia e servindo como ponto de partida para uma reflexão profunda; o segundo, de tipo catequético, explicando aos fiéis os valores mais preciosos da vida cristã (Sacramentos, Liturgia, Bíblia…). Os primeiros passos no caminho da renovação foram dados com cautela. O folheto procurou entrar na ponta dos pés pelos novos caminhos. Começou a dinamizar a liturgia eucarística, criando mais espaço para a ação dos fiéis. O povo procura o folheto porque precisa, uma vez que o ajuda a participar mais. Tirá-lo dele não passaria de gesto de autoritarismo. A missão do folheto litúrgico-catequético é ajudar o povo a celebrar a eucaristia. Como subsídios suplementares, eis também os ‘Discos de O Domingo’ para facilitar o ensaio dos cantos publicados”.

Outros periódicos equivalentes surgiram após o Vaticano II, mas, além da experiência do pioneirismo, O Domingo continuou distinguindo-se com sua marca característica: caminhar com o Evangelho e com a Igreja, mantendo viva a chama da profecia, a serviço do povo de Deus de todo o Brasil.

Na atualidade — embora atingidos pelo prolongado impacto trazido pela pandemia –, com empenho e esperança, abraçamos o convite do Papa Francisco, na busca de erradicar a cultura da indiferença, do descarte e do conflito, sugerindo caminhos para a construção de uma cultura do cuidado e do diálogo.

Nesse trajeto de 90 anos cabe-nos agradecer especialmente aos párocos de todo o Brasil que caminharam conosco. No horizonte vislumbramos novas perspectivas, saindo juntos e melhores da grande provação pela qual todos estamos passando. A caminho rumo aos 100 anos!

Pe. Darci Luiz Marin, ssp

Coordenador dos periódicos da Paulus