Por Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp
Meu querido pai, o que faço não é um discurso. Os discursos em geral aborrecem. O que quero mesmo é conversar com você. Vou vencer a timidez que me trava a língua; usarei palavras simples e darei vazão aos sentimentos que brotam abundantes do coração.
Não importa a idade que tenho. O que conta é que você é meu pai.
Ao longo de tantos anos, não enxerguei seus gestos de bondade para comigo; não prestei atenção aos incentivos que muitas vezes você me infundiu na adolescência. Você andava carregado de muito amor para dar, mas me recusei a mergulhar na fonte desse amor. Você quis, embora discretamente, me envolver de carinho, mas eu me afastei e me refugiei no meu insensato orgulho.
Por tudo isso e outras negligências, me achego a fim de pedir e obter o seu perdão.
Creia em mim, pai, se o ofendi, não foi por maldade; apena me distraí e perdi de vista algumas coisas essenciais. Mas hoje volto para lhe contar de minha gratidão.
Fiz desfilar pela mente uma infinidade de suas atitudes que comprovam o seu amor por mim: as correrias e preocupações pela minha saúde desde tenra idade; a busca cuidadosa de boas escolas para minha formação intelectual; o testemunho de vida cristã e a dedicação em orientar-me no caminho da fé e no amor de Deus; os vários tipos de profissão e serviços que você enfrentou para que eu pudesse seguir meus estudos; os valores morais que você inculcou em todos nós: lembro-me que você insistia muito para sermos honestos, respeitar as pessoas e não bulir nas coisas alheias.
Fui alvo de seus conselhos e sonhos de um futuro promissor: essa riqueza o dinheiro não paga!
Por isso, venho para lhe declarar minha descoberta: eu amo você!
Mesmo que eu não saiba como expressar, por causa do meu desajeito, o certo é que amo você e quero que acolha a minha profunda e sincera amizade.
Desejo que seus dias sejam plenos de harmonia no lar.
Recolha a sensação agradável do trabalho realizado.
Acima de tudo, tome posse desta certeza: alguém que você e mamãe presentearam com o milagre da vida, lhe devolve agora esta homenagem, revestida de simplicidade, ternura e amor!