Blog

13/04/2024

Testemunhar o Ressucitado

Por Pe. Nilo Luza, ssp

Não foi fácil, para os discípulos, acreditar na ressurreição de Jesus. Ao se apresentar diante deles, Jesus foi visto como um fantasma, que assusta e dá medo. Para ser reconhecido, precisou mostrar-lhes as chagas das mãos e dos pés e comer peixe assado.

Se foi difícil para os discípulos reconhecer o Ressuscitado, muito mais difícil pode ser para nós – que vivemos mais de dois mil anos depois e não temos a felicidade de vê-lo revelar-se a nós da mesma forma que fez naquela ocasião. Somente a fé na Escritura pode nos assegurar esse reconhecimento.

O Pai, ao ressuscitar seu Filho, Jesus, manteve-lhe as chagas para nos indicar que é o mesmo que foi crucificado, ferido e chagado ao longo de sua vida, até sua completa entrega por amor à humanidade. As mãos chagadas são sinal do seu amor pelos feridos em sua dignidade. Os pés calejados e feridos são sinal de suas andanças em cumprimento à missão que o Pai lhe confiou. As chagas nas mãos e nos pés são as marcas do Mestre de Nazaré, que amou até o fim.

Ao pedir algo para comer, os discípulos dão-lhe o que têm: um pedaço de peixe assado. Peixe é comida do povo simples, dos que vivem da pesca no mar, nos rios ou nos lagos. Na Bíblia, a mesa é símbolo muito significativo. O local em que se partilha o alimento é lugar privilegiado onde Deus se faz presente.

Depois de tomar o alimento, o Ressuscitado ensina a reler a Escritura, para que não se perca a memória daquilo que ele mesmo revelou e realizou. O Evangelho conclui com esta afirmação: Vós sereis testemunhas de tudo isso! Portanto, convida-nos a assumir e curar as chagas do povo ferido em sua dignidade, assim como Jesus fez.

Cabe às testemunhas de Cristo, seus seguidores, cuidar e tratar das chagas impressas no rosto sofrido do povo angustiado, doente e abandonado. Ser testemunhas requer generosidade. Recorda-nos o papa Francisco: devemos nos debruçar para tocar e curar as feridas dos outros (cf. FT 70).

Publicado em 14 de abril de 2024 – Liturgia Diária – Ano 33 • N° 388

, , ,