Por Eligelson Barroso, ssp
Paulo, conhecido por seu espírito audaz e empreendedor, tornou-se um importante referencial de seu tempo. Nascido na cidade de Tarso, principal centro da cultura e do comércio, de origem hebraica e forte defensor de suas raízes culturais, destacava-se por cumprir rigorosamente as tradições e os preceitos do judaísmo. A formação intelectual, até mesmo religiosa, de Paulo tem bastante da influência de sua cidade natal. Grande centro cosmopolita abrigou pensadores e grandes correntes filosóficas que se destacavam pela produção de conhecimento. “Paulo gostava dos estudos em geral, mas sentia maior atração pela história do seu povo e pelo conhecimento da palavra de Deus, revelada por meio de Moisés dos profetas […]” (DUARTE, 2008, pp. 9-10). Seu desejo pelo conhecimento, o seu zelo pelo legado religioso, o fizeram destacar-se no combate a qualquer tipo de seita que pudesse deturpar a herança dos antepassados. Torna-se, então, um ferrenho perseguidor das primeiras comunidades cristãs.
A caminho de Damasco, capital da Síria, uma campanha de perseguição se organizava contra as comunidades cristãs que ali residiam. “[…] O Zelo pela religião judaica acendeu o ânimo do jovem Saulo e aguçou ainda mais sua revolta contra os seguidores de Jesus. […] (DUARTE, 2008, p, 11). Paulo tem seu encontro com o Mestre divino que, derrubando-o de seu orgulho e prepotência o chama pelo nome. Os desígnios do Senhor são sempre misteriosos, porém eficazes. O Senhor Jesus Cristo o havia escolhido para ser seu anunciador, discípulo e missionário de sua palavra. Eis que uma grande reviravolta começava a acontecer na vida daquele destemido jovem. A força, a ousadia, a coragem e a boa formação seriam, a partir daquele momento, empregadas pela causa do Evangelho. “[…] No processo de conversão Deus não desmonta o ser humano, mas mantem sua integridade. Paulo continua sendo um homem esperto, inteligente […] amante da vida, irmão universal. […]” (DUARTE, 2008, p. 20). Nesse sentido, Paulo, aos poucos, vai se cristificando ou como afirma aos Gálatas “até que Cristo se forme em mim” (Gl 2,20). Esse processo é gradual e como todo processo de mudança é feito em diferentes etapas.
Paulo, segundo a instrução que teve, buscou ser um homem de contatos, de ideias, de possibilidades o que o ajudará em seu trabalho apostólico. Já no exercício da missão sentia-se impelido em anunciar aos povos a Boa-nova, por isso foi o responsável por alargar as veredas para o nascente cristianismo. Motivado por esse ideal não se contentou em permanecer nas cercanias judaicas, mas ousou em levar o evangelho aos povos que não conheciam a fé cristã. “Inúmeras foram as cidades evangelizadas por Paulo. Centenas de quilômetros percorridos, por terra ou por mar. Tribulações de todo tipo sofridas por causa de Jesus Cristo e do evangelho […]” (DUARTE, 2008, p, 27). Seguindo os passos de Paulo, a Sociedade de São Paulo, congregação religiosa fundada pelo Bem-aventurado Tiago Alberione, beberá dessa fonte paulina, ou seja, desse espírito universal que abraça a todos sem distinção, que possui no trabalho o sentido para a sua existência, na ousadia de suscitar na Igreja um carisma novo evangelizando com os meios de comunicação. Utilizando-se de todo o progresso humano da técnica e da informação para fazer chegar a todos, o evangelho. É também de Paulo que se herda a capacidade de diálogo com outros povos e culturas. A Sociedade de São Paulo, movida pelo espírito paulino, deseja torna-se um outro Paulo dos tempos atuais que anuncie a Boa-nova para as pessoas de hoje.
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DUARTE, Luiz Miguel. O apóstolo Paulo e você. Paulus. 2008.
