Por João Paulo da Silva, Postulante Paulino
Uma responsabilidade, uma vida entregue por suas ovelhas.
Homem do campo, báculo na mão, roupa leve, trabalho em vista, profissão humilde, ovelhas pastando – esta é a figura do Bom Pastor citada por Jesus no Evangelho de João. Aqui, iniciam-se diversas reflexões sobre a pessoa dele. Mas, hoje, vamos falar de outra coisa, esqueçamos um pouco a figura do Cristo, mas só por enquanto, e concentremo-nos no instrumento que o pastor utiliza para apascentar as ovelhas: o báculo (cajado).
Este pequeno instrumento tinha uma função fundamental no ato de pastorear, ajudava o pastor a defender as ovelhas e a si próprio. Quando as feras avançavam sobre o rebalho, o cajado que auxiliava na proteção das ovelhas. Com ele se espantavam os ladrões e os lobos. As ovelhas reconhecem a voz do pastor, mas reconhecem ainda mais a segurança que este traz. O pastor é o defensor, é a voz forte que auxilia as ovelhas para não se perderem.
O cajado ainda tem outra importante função: guiar o rebanho. Por reconhecer a voz do pastor, por estarem próximas dele, as ovelhas seguem a direção apontada pelo cajado. A responsabilidade do pastor é zelar pelas pequenas criaturas, para que não saiam do rebanho, não se afastem umas das outras e que sigam sempre em uma direção segura.
Já se perguntaram por que o báculo é arredondado na ponta? É simples, quando alguma ovelha se perde, e cai em um lugar onde a mão do pobre pastor não a alcança apresenta-se outra função importante do cajado, resgatar a ovelha que caiu. O pastor prende a ponta arredondada na cabeça da ovelha e a resgata do perigo da morte. Com isso, depois de salva dos riscos, ele a recoloca junto com as outras.
Finalmente, o cajado tem outra finalidade: quando uma ovelha é desobediente e não quer acompanhar o rebanho em segurança, é com o báculo que o pastor bate na cabeça da ovelha para que ela não saia desgarrada, é, às vezes, o uso de algo doloroso é que faz com que o cordeiro não perca o rumo, reintegrando-o no rebanho e lá permanecendo seguro.
Você que está lendo isto deve estar perguntando: O que o cajado tem a ver com a parábola do Bom Pastor? A resposta é simples: tem tudo a ver. Jesus se manifesta como Pastor para mostrar que ele é o verdadeiro defensor; basta olhar o seu exemplo com a mulher adúltera (Jo 8,1-11); defendeu a mulher dos lobos que queriam matá-la por causa do ódio, e, protegendo-a, a deixou em segurança. É Jesus quem guia, basta olhar o seu exemplo, falando do Reino de Deus no sermão da montanha (Mt 5,1-12). É Jesus que resgata Pedro das águas, segurando em sua mão (Mt 14,22-32), como o pastor que tira a ovelha do penhasco com o seu cajado. E é também a Pedro, que o Bom Pastor chama a atenção de maneira forte e dolorosa: “Fique longe de mim, Satanás! Você é uma pedra de tropeço para mim, porque não pensa as coisas de Deus, mas as coisas dos homens!” (Mt 16,23). Com isto, Jesus vai mostrando aos seus discípulos o caminho da verdade. Ele é o Bom Pastor, é em plenitude, pois chora com quem chora e fica feliz quando aqueles que se perderam reencontram o caminho e conseguem voltar para Ele.