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02/11/2020

Lembre-se de que você viverá!

Não era difícil em tempos não muito remotos, ver pendurado em alguma parede o aviso macabro: “Lembre-se de que você morrerá!” E eu nem sei de quantas vezes morri de horror ao defrontar-me com o terrorista cartaz…

Ora, é bem verdade que o cristão cultua e celebra a morte de Jesus como prova de seu amor por nós; e é também verdade que a morte é, para nós, realidade inevitável.

Nem por isso, porém, precisamos virá fanáticos da cultura de morte: palavra que soa para nós como sentença cruel, definitiva e sem apelação; como conclusão de tudo, como cancelamento de uma existência a ser engolida pela terra…

Esse insistir em fundamentar a vida no medo da morte não passa de terrorismo religioso, a tirar do cristão a alegria de viver. Paralisa o entusiasmo de trabalhar, mata a coragem de lutar contra as injustiças humanas…

De outro lado, nem valeria a pena crer em Deus Pai e passar a vida no medo da morte e no terror do juízo final. A verdade é que Deus nos criou para vivermos eternamente; e já pronunciou sua condenação contra a morte, ao mandar seu filho para derrota-la…

A partir disso, para o cristão, a morte passou a ser apenas ponto de referência, momento a marcar nossa “páscoa” – ou nossa passagem para vida sem fim. E está claro que o cartaz acima tem que sofrer mudança radical: “Lembre-se que você viverá para sempre”.

De maneira que não precisamos ter medo da morte, bem sabendo que ela nada pode contra nós; nem precisamos desprezá-la, e sim entregar-nos a ela escudados pela esperança de que, atrás dela, o rosto de Cristo brilhará para nós e a alegria invadirá nosso coração: alegria que será eterna!

A morte do cristão não tem nada de trágico nem precisa de condolências, pois dela já emana o perfume da ressureição…

Pe. Virgílio, SSP