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13/05/2020

Maria de tantos nomes, culturas e raças

Por Leidson de Farias Barros, Seminarista Paulino

Falar da Mãe de Deus é falar de ternura, do amor verdadeiro que percorre os caminhos da história até os dias atuais. Em todo o tempo, Maria de Nazaré esteve associada ao seu povo, inserida na sociedade, sendo força e presença libertadora.

Uma mulher do povo tornou-se a Mãe de Deus; um dia ela foi surpreendida pela revelação de que seria a Mãe do Redentor e, talvez, esse seja o ponto de partida para entender o quanto a figura da Virgem é querida, amada e está presente na vida das pessoas. É através de Maria, em seu seio, que o Verbo Filho de Deus assumiu corpo e alma humanos. Foi pelo sim, humilde e sincero, de uma jovem que a Salvação veio ao mundo.

Ela acreditou e tornou-se Mãe, concebendo Cristo primeiro no coração pela fé e, depois, em seu corpo pela geração. Maria tornou-se santuário, lugar da presença privilegiada e da ação divina. Sua vida foi um constante procurar entender e aprofundar o Mistério de Jesus, sendo mulher solidária e atenta à realidade que a cercava. Acima de todas as prerrogativas, falar de Maria é dizer que ela é Mãe, Mãe de Deus, Theotókos, portadora de Deus e que tudo o que a fé descobriu em seu Mistério é resultado desta maternidade. Maternidade bem humana, divina, virginal, assumida e vivida na fé, prolongando-se de geração em geração que a proclama “mulher bendita entre todas”.

A “cheia de graça” é que aquela que possibilitou a Deus experimentar e viver a nossa vida humana, com tudo o que ela traz: dores, tristezas, males, mas também com alegrias, realizações e felicidades. De fato, a palavra de Maria, o fiat da Encarnação, trouxe ao mundo a Vida verdadeira. Por isso, a Virgem Maria é tão amada e venerada, Mãe de nosso Senhor Jesus Cristo, “uma mulher do povo, da nossa raça, que se tornou verdadeiramente Mãe de Deus”.

Desde os primeiros cristãos, nos séculos iniciais da história da Igreja, a Virgem Maria ocupou um lugar de destaque. Ao mesmo tempo ela conseguia ser vista como a pessoa mais próxima de Deus e da humanidade. Seu nome e sua vida eram lembrados pelos grandes Padres e doutores da Igreja e também pelos pequenos agricultores dos campos. E, frequentemente, se ouvia um “rogai por nós Santa Mãe de Deus” ecoando pelo ar.

A Mãe de Jesus começou a ser conhecida como nossa mãe, mãe do povo, dos santos, dos pecadores, dos pobres, dos marginalizados, mãe de todos. Como “modelo da comunidade que acredita em Deus”, Maria faz com que olhemos para o Deus verdadeiro, que não se esquece do seu povo, que cuida de seus filhos e caminha ao lado deles. Ela mostra-nos o Deus que é libertador e torna-se testemunha de Deus para as comunidades cristãs.

O culto destinado a Maria, o nosso relacionamento, nossa intimidade com ela é essencialmente filial. É nesse amor que descobrimos os traços da verdadeira devoção à Virgem Santíssima, uma percepção melhor daquilo que Deus quis que representasse para nós esse grande dom da Encarnação, através do qual deu-nos Maria como Mãe do Cristo e nossa.

Bendita entre todas as mulheres, Maria foi ganhando o rosto do seu povo, inserindo-se na cultura das gentes, assumindo a cor, os traços físicos e assemelhando-se aos muitos filhos e filhas que a ela recorrem em meio às aflições e lutas diárias. Desse modo, vemos tantos nomes, rostos e características que marcam a presença da Mãe de Deus caminhando junto ao seu povo. Nas comunidades cristãs a Virgem era sempre mencionada, convidada a interceder a seu bendito Filho pelo povo que sofre em busca da libertação. O amor e a confiança na “mãe dos caminhantes”, que não se esquece de nenhum dos que a ela foi confiado, a fez protetora, mediadora, intercessora nossa; a fez mãe de tantos nomes, culturas e raças. E, frequentemente, esse mesmo povo a invoca: “Ave Maria do povo, do povo que espera a liberdade, o fim da opressão, do povo que é filho teu, rogai por nós!”.

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