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03/08/2020

Mês Vocacional: Pensamentos do Bem-aventurado Tiago Alberione

Por Serviço de Animação Vocacional

As vocações

As vocações ao sacerdócio e à vida religiosa constituem hoje uma das maiores preocupações para quem ama a Igreja. O Padre Alberione sabe que as verdadeiras vocações vêm de Deus, mas contam com o incentivo da Igreja e as condições e obras em que possam manifestar-se. Para resolver esse problema, exige-se um modo de pensar e de agir claramente evangélico e total dependência de Deus. O Padre Alberione, instrumento que suscitou numerosas vocações sacerdotais e religiosas nos vários continentes, sempre acompanhou com a máxima solicitude esse problema geral da Igreja, dedicando-lhe não só inúmeros escritos, mas também uma Congregação, a caçula de todas: o Instituto Rainha dos Apóstolos pelas vocações.

Deus criou o homem livre. A vocação é um ato de amor de Deus, por isso requer um ato voluntário de amor, para ser seguida, correspondida. É necessário tomar por modelo Jesus Cristo, que diz ao Pai: “Aqui estou, vim para cumprir, ó Deus, a tua vontade”.

Imensas são as necessidades da humanidade, da Igreja e das pessoas; então é compreensível que em toda parte sujam propostas de obras e inciativas; entretanto, as obras serão realizadas se houver pessoas, que produzirão muito mais se estiverem incorporadas em Cristo. Existe a corrente elétrica de baixa e de alta tensão. A vida religiosa é a corrente espiritual de alta tensão, é a poesia da personalidade em Cristo, a geradora e fomentadora de heroísmos. Daí a necessidade de vocações em todos os setores religiosos e eclesiásticos, segundo o espírito das duas obras pontifícias para as vocações, seja para o clero secular como para a vida religiosa. Nessa linha encontra-se o Instituto Rainha dos Apóstolos para as vocações, o qual segue o exemplo e os ensinamentos de Jesus Cristo Caminho, Verdade e Vida. Vocações boas e suficientes constituem a maior necessidade atual da Igreja no mundo todo.

Deus, justo remunerador, paga somente e sempre os que cumprem a sua vontade. Descobrir qual é a vontade de Deus é, ao mesmo tempo, algo simples e complicado; luminoso e obscuro; doloroso e suave; natural e maravilhoso, conforme a situação. Portanto: nem leviandade nem exasperada e tormentosa incerteza, mas prudência, reflexão, oração, conselho e decisão tomada com fé.

Com frequência a voz divina ressoa clara logo após o uso da razão, quando há inocência e clima adequado.

Outras vezes, trata-se também da saída de uma selva escura rumo à luz do sol, de uma dor ou desengano para a realidade; de um repugnante lodaçal mundano para o doce e insinuante som do apelo divino: “Vem e segue-me”; de um acontecimento assustador, para um horizonte inundado de esperança; depois de uma vida desenfreada, ociosa, luxuosa, para um anseio de sacrifício. “O espírito sopra onde quer” .

A Igreja não só precisa de muitas vocações, mas de vocações autênticas, acostumadas à obedecer e a trabalhar. Acostumadas a trabalhar, isto é, a entregar a Deus as próprias forças conforme as possibilidades e as exigências da obediência.

Cooperemos com o Pai celeste, não só preparando a gaiola, mas também procurando os passarinhos. Quando dizemos ao Senhor: “Concedei também para nós o nosso ninho”, estamos pedindo gaiola e pássaros. As vocações são muito mais numerosas do que as que vêm até nós. Que nenhuma se perca por nossa causa!
Antes de tudo, rezar, depois convidar, mover-se, agir. Sobre este ponto ainda há preguiça, respeito humano, indiferença, frieza. Quem na realidade ama o Instituto, demonstra-o e procura cooperar com ele: e o primeiro bem de uma família são as pessoas. Numerosas e boas.

O sacerdote e o Discípulo Paulino

O Sacerdote

Padre Alberione foi essencialmente um “sacerdote”, e toda a sua obra nasceu da viva consciência que ele tinha dos seus compromissos sacerdotais. Colocando o sacerdócio como base de toda a instituição apostólica paulina, ele o introduziu no âmbito dos meios de comunicação social, conferindo-lhe uma nova dimensão e chamando a colaborar com ele muitos religiosos “irmãos”, elevados, conforme expressão sua, a um “quase-sacerdócio”, e, muitas mulheres, baseado numa ideia mestra que ele expressou nos primeiros anos de ministério no livro intitulado “A mulher associada ao zelo sacerdotal”.

Na atual crise de renovação do sacerdócio, é estimulante deixar-se tocar pela fé ardente deste homem sobre a missão sacerdotal.

Adoremos a Jesus Cristo Sacerdote, com quem todo presbítero constitui um único sacerdócio, segundo a Carta aos Hebreus. Agradeçamos a Jesus Cristo Sacerdote, no qual, pelo qual e com o qual glorificamos a Santíssima Trindade. Apresentemos nossa reparação a Jesus Cristo Sacerdote pelas traições que se praticaram ao longo dos séculos desde Judas até hoje. Peçamos a Jesus Cristo Sacerdote, que chame em todos os tempos um número suficiente de Sacerdotes que sejam luz do mundo, sal da terra, cidade colocada no alto do monte. 

A existência, a virtude e o valor do nosso sacerdócio dependem do sacerdócio de Jesus Cristo. Tendo que aplicar no tempo e no espaço os frutos da sua oblação, Jesus Cristo escolheu para si instrumentos capazes de emprestar-lhe mãos, língua, intenções: ele os assume, absorve e age por meio deles… Nosso ser sacerdotal consiste em estar unidos a Cristo: toda a força, o poder e a graça estão no Pontífice da nossa religião, a qual não tem outro sacrifício nem outro verdadeiro pontífice.

Sou um milagre de Deus! Vossas infinitas misericórdias me conduziram ao sacerdócio: “Pela graça de Deus sou o que sou” (1Cor 15,10). A ordenação transformou os Doze; a ordenação me tornou uma nova criatura, Deus na terra. Eu sou outro Cristo: seus interesses são os meus, suas intenções, as minhas; falo as suas palavras; minha doutrina é a sua, minha vida é a de Cristo; realizo as obras de Cristo: aliás, é Cristo que as realiza em mim: “Pedro batiza, é Cristo que batiza; Judas batiza, é Cristo que batiza”: tenho obrigações para com Deus: tenho de viver conforme Jesus Cristo. 

Ó Jesus, divino Mestre, dou graças e bendigo ao vosso amantíssimo Coração pela instituição do sacerdócio. Os sacerdotes são enviados por vós, como fostes enviado pelo Pai. A eles confiastes os tesouros da vossa doutrina, da vossa lei e da vossa graça, e até mesmo as almas. Concedei-me a graça de amá-los e escutá-los, deixando-me guiar por eles nos vossos caminhos. Enviai, ó Jesus, bons operários para a vossa messe. Que os sacerdotes sejam sal que purifica e preserva. Sejam luz do mundo, a cidade posta no alto do monte. Sejam todos formados segundo o vosso Coração. E um dia tenham no céu, ao redor de si, qual coroa de felicidade, numeroso coro de almas conquistadas. 

 O sacerdócio não deve desaparecer: consomem-se as partículas da eucaristia, mas a presença de Jesus no tabernáculo continua. Cuidar das vocações é a obra das obras. O primeiro apostolado de Jesus foi procurar e formar os seus continuadores, os apóstolos. Antes de começar a pregar, já havia reunido um pequeno grupo de futuros apóstolos. A eles dedicou a melhor parte de sua vida pública.

O Díscipulo 

No seu anseio de “instaurar tudo em Cristo” e de inspirar-se no Evangelho para tudo, Padre Alberione modelou sua instituição sobre a Família de Nazaré e sobre a comunidade apostólica que seguia o Divino Mestre na Palestina. Por isso, ao lado dos sacerdotes, continuadores de Jesus e herdeiros dos Apóstolos, viu os “discípulos” como imitadores de São José e dos Setenta e dois que foram enviados também eles a pregar o anúncio da salvação. Desse modo, o religioso não sacerdote participa do mesmo ministério sacerdotal, não por mera cooperação executiva, mas por uma contribuição original que o torna protagonista do apostolado moderno. “Sacerdote e Discípulo se unem para exercer o mesmo apostolado… por isso ambos merecem o nome de apóstolos” (UPS 127). Daqui emerge a virada decisiva que Padre Alberione conferiu à vocação do religioso não sacerdote, restituindo-lhe a fisionomia original de operário do Evangelho consagrado à mesma atividade apostólica de seus coirmãos sacerdotes.

… O Senhor espalhou pelo mundo muitas pessoas generosas, que ele chama a si, à perfeição, junto aos sacerdotes. Quem fará a caridade de abrir-lhes a porta e encaminhá-las a uma santidade especial?… E, ademais, por que não se pode associá-las a um apostolado? Do mesmo que outrora surgiram institutos em que o sacerdote-religioso encontrava caminho livre para as atividades apostólicas e a pastoral, hoje (por que não?) oferecer ao Irmão leigo uma participação na missão do sacerdote; (por que não) conferir-lhe um quase-sacerdócio?… Sacerdote e Irmão, unidos no mesmo apostolado, conquistando a coroa celeste.

Eis os Discípulos! A pregação do Sacerdote com os meios modernos liberta-se da dependência de operários comuns e se multiplica de modo ilimitado graças ao trabalho do Discípulo, que eleva, alegra, multiplica sua atividade; Deus é glorificado, o Evangelho, anunciado e as pessoas, iluminadas. 

 O Discípulo é como São José, ou seja, está ao lado do Sacerdote: na formação, na cooperação e no apostolado. A cooperação com o Sacerdote mediante a oração é a mais importante: serve para a sua santificação… 

 À Semelhança de São José, os Discípulos executam um trabalho cansativo, para cooperar com a vinda do Reino de Deus; percorrem um caminho de santificação igual ao dele; encontram sua alegria no espírito de oração, na humilde conformidade com a vontade de Deus e no silêncio operoso. Unem vida contemplativa e vida ativa. O apostolado dos Discípulos é amplo, moderno, gratificante… 

Jovens de boa vontade podem muito bem encontrar lugar e consumir todas as suas energias intelectuais, espirituais e físicas nessa belíssima missão. Toda a parte técnica da tipografia e todo o setor de propaganda referente a livros, cinema, jornais constituem para eles ótimo e diversificado campo apostólico. 

Os religiosos leigos eram muito numerosos (São Bento, São Francisco de Assis…). Dedicavam-se à oração e a trabalhos diversos. Hoje, com frequência são sacristãos, porteiros, vigias, esmoleres, ou executam vários trabalhos manuais…Na sua vida de recolhimento, de silêncio, piedade, mortificação e trabalhos comuns, eles se santificam no cumprimento dos deveres, reparam os pecados da humanidade, rezam pela Igreja, cantam louvores a Deus.Nossos Discípulos são chamados a todo esse conjunto de bens; mas acrescentam, substituindo os vários trabalhos, o apostolado, em reparação especialmente dos males causados pelos que aplicam os dons de Deus, oferecidos pelo progresso humano, contra o próprio Deus, contra as pessoas, a Igreja, contra Jesus Cristo Divino Mestre. 

Extraído do livro: Alberione: Pensamentos, Edições Paulinas, 1976

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