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12/03/2021

Oito anos de pontificado do Papa Francisco

Por Pe. Darci Luiz Marin, ssp

Corria o ano de 2013. Em fevereiro daquele ano espalhou-se, mundo afora, a notícia que Bento XVI havia renunciado – a última renúncia de um Pontífice havia ocorrido em 1415. Urgentemente foram convocados cardeais eleitores a Roma para um Conclave. No dia 13 de março de 2013 o Cardeal Jorge Mário Bergoglio apareceu na sacada da basílica de São Pedro, sendo anunciado como o novo papa; assumindo – pela primeira vez na história dos Papas — o nome Francisco. Dispensando a antiga indumentária festiva de praxe para ocasiões assim, seu primeiro gesto foi: inclinar a cabeça diante da multidão e, ao invés de um longo discurso, pedir aos presentes que rezassem por ele.

Neste dia 13 de março de 2021 completam-se oito anos de intensa retomada ao Vaticano II – por algumas décadas interrompida – na vida da Igreja. Méritos ao Papa Francisco que, com empenho e coragem, vem assumindo atitudes de profecia. Não lhe faltaram obstáculos – até mesmo surgidos no seio da própria Igreja – ao longo desses anos.

Ofereceu três encíclicas (a primeira em parceria com o Papa Emérito Bento XVI), cinco exortações apostólicas (sendo a primeira, de 2013 – Evangelii Gaudium – um antecipado programa de seu pontificado); centenas de homilias, audiências e mensagens. Desse amplo acervo de escritos e pronunciamentos emerge um eixo motor central: a busca da erradicação da cultura da indiferença, do descarte e do conflito – tão presente também entre nós. No lugar dessa cultura propõe outra: a cultura do cuidado, a começar pelos mais fragilizados habitantes da Casa Comum (cf. FT 57).

Neste último ano o mundo mergulhou na experiência dramática da pandemia. Jamais desaparecerá da memória das pessoas do mundo inteiro aquelas imagens da oração solitária do papa Francisco na praça de São Pedro, na noite do dia 27 de março de 2020 – transmitidas pela televisão a partir da grande praça vazia e sob céu chuvoso. De lá, em marcante pronunciamento, afirmou: “Densas trevas cobriram as nossas praças, ruas e cidades; apoderaram-se das nossas vidas, enchendo tudo de um silêncio ensurdecedor e um vazio desolador, que paralisa tudo à sua passagem: pressente-se no ar, nota-se nos gestos, dizem-no os olhares. Revemo-nos temerosos e perdidos. À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda… A tempestade (do vírus) desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade… Com a tempestade, caiu a maquiagem dos estereótipos com que mascaramos o nosso ‘eu’ sempre preocupado com a própria imagem; e ficou a descoberto, uma vez mais, aquela (abençoada) pertença comum a que não nos podemos subtrair: a pertença como irmãos”.

Em meio à pandemia, que ceifou milhões de vidas, em 3 de outubro de 2020, lançou a encíclica que convoca à fraternidade e amizade social: Fratelli Tutti. Dessa encíclica provém uma convocação que marca também outras etapas de seu pontificado: “assumir como própria a fagilidade dos outros” (cf FT 67).

Papa Francisco é exemplo vivo de seguimento fiel a Jesus Cristo. Felicitações a ele neste dia 13 de março! Que Deus o proteja e mantenha com saúde por muitos anos para o bem de milhões de bem-aventurados do evangelho.

*Foto cedida gratuitamente pelo Pixabay