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24/03/2015

A missionariedade vocacional

Por Pe. Roni Hernandes, ssp - Animador vocacional

Jesus, por onde passava, arrastava uma multidão de homens e mulheres que tinham sonhos, desejos, aspirações.

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Sabemos que nos dias atuais é extremamente desafiador levar adiante o trabalho com as vocações, sobretudo num mundo dominado pelas novas tecnologias da comunicação. Nesse mundo, os jovens vão adaptando linguagem e criando novos métodos. Esta nova geração que vive na intimidade com a modernidade tem um coração que também aspira por coisas maiores; tem sede, sobretudo, de Deus. No entanto, o desafio maior é descobrir como falar ao coração destes jovens. Porém, mesmo com todos esses desafios que a modernidade nos apresenta, é preciso seguir em frente com a coragem e a certeza de que o Senhor estará sempre conosco, nos alimentando e nos dando força na caminhada.

A missão em prol das vocações nos dias atuais deve ser pensada a partir do Documento de Aparecida. Esse documento nos ajuda a refletir a missionariedade vocacional a partir da perspectiva do encontro com Jesus Cristo, que nos transforma em verdadeiros discípulos e missionários. Esse referencial se tornou ponto de partida para muitos eventos em prol da cultura vocacional: congressos, simpósios, encontro de formadores e animadores vocacionais por esse Brasil afora. As motivações vocacionais encontradas nesse documento apontam diretamente para a dimensão missionária, retomando a palavra de Jesus no seu mandato: “Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19).

As comunidades de vida religiosa devem pensar as vocações a partir do convite de Jesus, e aplicando, sobretudo, o específico da ação evangelizadora do Documento de Aparecida, que reflete cuidadosamente a vocação no contexto atual. Não podemos negar que já avançamos muito nesta questão, mas ainda precisamos avançar mais. É fato que o interior da nossa Igreja está repleto de vocações. Por todos os cantos encontramos jovens querendo consagrar suas vidas para o Ministério Ordenado, para a Vida Consagrada nas suas diferentes formas, como Congregações, Ordens Religiosas, Institutos Seculares, Leigos Consagrados e também à Vocação Laical. Na verdade, precisamos escutar mais o que os jovens querem nos dizer. Eles sempre estão dando sinais por todos os lados: nas ruas, nas praças, nos shoppings, nos metrôs, nos ônibus, etc. O que acontece é que nem sempre esses sinais são percebidos.

Jesus, por onde passava, arrastava uma multidão de homens e mulheres que tinham sonhos, desejos, aspirações. Eles estavam sempre buscando alguma coisa. Jesus convidava essas pessoas para a sua vinha.  Seu chamado era categórico e a resposta dos discípulos era imediata. Alguns deixaram suas redes de pesca (sustento da própria família), outros deixaram a família, parentes, amigos, e assim por diante. Esses homens e mulheres eram apaixonados por Jesus. O que eles viram em Jesus? Talvez o que está faltando em nós é a coragem da profecia e a ousadia da esperança que tinha Jesus. Sabemos que estamos passando por dias difíceis, mas esses desafios não podem abafar o nosso protagonismo no exercício da missão em prol das vocações. Neste ano da vida consagrada, carregado de profunda esperança, nós somos motivados a renascer vocacionalmente, a redescobrir a iniciativa de Deus que nos chama a sair de nós mesmos, para centrar nossa vida em Cristo e no seu Evangelho. Animados em nossa vocação e em nossa missão, tornamo-nos, por nossa vez, animadores das pessoas que encontramos pelas estradas da vida.

Isso significa que o aspecto da missionariedade vocacional também deve estar presente na pessoa que convida o jovem para uma experiência de vida religiosa. Não basta fazer o convite vocacional; antes de tudo, é preciso se colocar como um discípulo, tendo as mesmas atitudes de Jesus: motivando, chamando, cativando e animando os jovens na caminhada. Jesus acolhia as pessoas, conversava com elas e oferecia ajuda, principalmente nos momentos de dificuldades. As pessoas que iam ao seu encontro tinham sede, sobretudo sede de Deus. Jesus saciava a sede dessas pessoas falando das cosias do Pai.

O mesmo acontece hoje. Nós também temos que saber saciar a sede dos jovens que vêm ao nosso encontro. Os adolescentes do nosso tempo têm sede de manusear as novas tecnologias e querem a todo instante utilizar esses instrumentos nos locais de estudo, de trabalho, nas relações sociais, etc. Porém, eles também têm sede, sobretudo sede de Deus. A missão do Reino é um dom preciso do Senhor, levada adiante por todos os vocacionados. Nesse sentido, torna-se fundamental estreitar vínculos e incrementar ainda mais as relações com os novos métodos de evangelização que a modernidade nos oferece. O Serviço de Animação Vocacional deve adequar-se às novas linguagens, elaborar novos métodos para dialogar com os jovens de hoje, sem perder de vista o caminho do discipulado.

Entretanto, a Igreja não pode viver sem vocações e, por isso, é preciso ir ao encontro dos jovens e lançar as redes sem medo. Que esse lançar as redes seja uma forma de mostrar para os jovens que a vida religiosa consagrada não está com os seus dias contados. Esse deve ser o espírito daquele que trabalha em prol das vocações. Nesse sentido, peçamos a Maria, Rainha dos apóstolos, Mãe de todas as vocações, que nos ajude a lançar as redes sem medo de mostrar claramente a nossa identidade de discípulos e missionários do Senhor. E continuemos rezando pelas vocações em nossas comunidades, sobretudo pedindo ao Senhor da messe que continue enviando mais trabalhadores para a sua vinha.