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04/09/2020

Um santo para a comunicação: Frei André Maria Borello

Por Pe. Antonio Lúcio,ssp

FREI RICARDO ANDRÉ MARIA Borello

Discípulo do Divino Mestre

Modelo de todos os leigos que se dedicam ao apostolado da comunicação social

Um jovem camponês do século passado, que nunca publicou uma linha ou sequer fez um documentário, que se tornou um discípulo religioso do Divino Mestre, pode ser considerado um modelo de santidade para o mundo da comunicação? Sim, se ofereceu a vida em favor dos que trabalham no mundo da comunicação e a todos os jovens que não apenas usam os meios de comunicação, mas agora têm uma mentalidade moldada precisamente pelas tecnologias da comunicação.

Acredito que esse jovem seja justamente André Maria Borello, que em sua curta vida como religioso leigo da Família Paulina, só trabalhou para produzir papel para as publicações paulinas e acabou consertando os sapatos dos apóstolos da comunicação, porque a saúde não lhe permitia mais do que suportar o trabalho pesado da fábrica de papel. Mas sua vida aberta à ação do Espírito, às motivações vocacionais e à generosa dedicação ao apostolado da comunicação fazem dele uma proposta original de vida cristã a serviço do Evangelho da comunicação, uma proposta que deve ser conhecida e possivelmente seguida.

Ricardo Borello nasceu em Mango (Cúneo), em Langhe (Piemonte), em 8 de março de 1916, em uma família de agricultores pobres em recursos, mas ricos em fé e virtudes cristãs. Ele vive sua infância em meio a dificuldades e lutos: seu pai morre nas forças armadas na Primeira Guerra Mundial e, depois de criar os filhos, sua mãe morre muito jovem, quando Ricardo tinha 16 anos. Mas no coração de Ricardo permanece uma confiança serena na Providência de Deus, enquanto colabora com seu trabalho na manutenção do resto da família. Entre essas grandes provações, sua personalidade amadurece e fortalece em todos os aspectos, enquanto no coração ele sente cada vez mais o encanto da vida consagrada, um desejo que ele silenciosamente cultiva. A boa oportunidade surge quando o pároco lhe dá para ler a biografia de Majorino Vigolungo – hoje Venerável –, um jovem compatriota, que se torna paulino e a quem Pe. Tiago Alberione – hoje Bem-aventurado – chamou de “a primeira flor do apostolado da imprensa”.

Ricardo se sente conquistado e decide entrar na Sociedade de São Paolo: “Se Majorino em sua tenra idade se tornou tão cedo um santo, eu também quero me tornar um santo entre os filhos de São Paulo”. E assim Ricardo ingressou na Sociedade de São Paulo e, em 1938, fez sua profissão religiosa nas mãos do Fundador, Pe. Tiago Alberione, recebendo o nome de Irmão André Maria. Imediatamente depois, ele voltou para Alba, para a Casa Mãe, e foi designado para trabalhar na fábrica de papel, com turnos também durante a noite. O segredo que sustentou seu esforço é o Divino Mestre, que lhe dá a alegria de se dedicar à “boa imprensa”, isto é, ao desenvolvimento e eficácia apostólica no mundo da comunicação. Reza muito por aqueles que trabalham no setor e por aqueles, especialmente as gerações mais jovens, que usam cada vez mais os meios de comunicação, que estavam se tornando cada vez mais rápidos e difundidos. Trabalha com paixão, reza, oferece, regozija-se com o crescimento da mídia a serviço do Evangelho. Infelizmente, a sua saúde não aguenta por muito tempo o trabalho pesado na fábrica de papel e os superiores decidem transferi-lo para a “sapataria”. Sim, porque Pe. Alberione também havia pensado nisso: seus muitos jovens consumiram as solas dos sapatos, não apenas para trabalhar, mas também no campo de futebol e era necessário consertar em casa a solução, porque a despesa provavelmente era bastante grande. Então André Maria parece não se dedicar mais à comunicação propriamente dita, mas a serviços marginais. Mas, para o seu coração, não é assim: mesmo o trabalho de sapateiro tem como objetivo o apostolado da comunicação, porque a serviço dos apóstolos da comunicação. De fabricar papel para a mídia a consertar sapatos, não há muita diferença para quem vive a vocação paulina a serviço do Evangelho! Ele é um especialista da comunicação com Deus através da oração, da comunicação com o próximo, especialmente através da escuta e da palavra simples e iluminada. Tudo é sempre vivido e oferecido pela mesma causa e com a mesma dedicação: acrescenta também a reparação pelos pecados cometidos com os meios de comunicação e a intercessão pelos que com eles cometem pecado.

Como o Papa Francisco nos lembra: “A comunicação tem sido frequentemente sujeita à propaganda, ideologias, para fins políticos ou para controlar a economia e a tecnologia. O que é bom para a comunicação é a parresia, ou seja, a coragem de falar com franqueza e liberdade. Se estamos realmente convencidos daquilo que temos para dizer, as palavras vêm. (…) A liberdade é também a das modas, dos lugares comuns, das fórmulas pré-concebidas, que acabam anulando a capacidade de comunicação. Despertar as palavras: toda palavra tem uma centelha de fogo, de vida. Despertar essa faísca para que apareça. Despertar as palavras: esta é a primeira tarefa do comunicador. (…) Abrir e não fechar: eis a segunda tarefa do comunicador, que será tanto mais frutífera, quanto mais se deixar levar pela ação do Espírito Santo, o único capaz de construir unidade e harmonia. Falar a pessoa inteira: eis a terceira tarefa do comunicador. (…) É necessário falar às pessoas inteiras: com a sua mente e ao seu coração, para que saibam enxergar além do imediato, além de um presente que corre o risco de ser esquecido e medroso. (…) Despertar as palavras, abrir e não fechar, falar a pessoa inteira torna concreta essa cultura do encontro, agora tão necessária em um contexto cada vez mais plural ” (Papa Francisco para as operadoras de TV 2000 em 15 de dezembro de 2014).

O Irmão André certamente se alegrou muito do céu por essa parresia que caracteriza o Papa Francisco e os apóstolos contemporâneos da comunicação. André chega a oferecer sua vida por essa causa, e seu pai espiritual, vendo sua total dedicação, concede a ele a possibilidade de oferecer sua vida ao Senhor. Mas ele provavelmente não pensava que o Senhor aceitaria a oferta tão cedo. De fato, pouco depois, nosso “apóstolo da comunicação” ficou gravemente doente dos pulmões e com o ímpeto generoso do Apóstolo Paulo aceitou sua condição com um sorriso nos lábios. A febre não o deixa e é transferido para a enfermaria. Apenas 10 anos se passaram desde sua profissão, mas ele já está maduro para receber o abraço do Divino Mestre e da Rainha dos Apóstolos. E na noite entre 3 e 4 de setembro de 1948, o Irmão André se entrega ao Senhor com a alegria de alguém que dá um presente total. Soou o sino que chamou os irmãos e irmãs da comunidade de Alba que acorrem para a última saudação e o encontram com os olhos fixos na Mãe de Deus, Maria, e os braços bem abertos. O médico assistente exclama: “Aqui se morre sorrindo!” Nunca como neste momento sentimos a necessidade de santos que sejam um exemplo para o mundo da comunicação e possam interceder para que a comunicação esteja a serviço da dignidade da pessoa humana e, em particular, a serviço do anúncio da Boa Nova: o Evangelho, que anuncia o amor louco do Pai por todos os seus filhos, a ponto de nos enviar Jesus, o Filho feito carne para nossa salvação. Obrigado, Irmão André Maria, continue a interceder por toda a Família Paulina e por toda a Igreja, para que ela se torne cada vez mais apóstola da comunicação e testemunha fiel do Evangelho para as novas gerações.

                                                                                         Ir. Giuseppina Alberghina, sjbp

A fama de santidade que tinha acompanhado a vida do Frei André Maria, impulsionou ao Fundador, Bem-aventurado Tiago Alberione, a abrir a Causa de Canonização, por ocasião dos cinquenta anos de fundação da Congregação dos Padres e Irmãos Paulinos. O Pe. Alberione afirmou: “Eu mesmo quis que se promovesse esta Causa de Beatificação, porque tenho grande apreço pelas virtudes do Servo de Deus”. O Processo foi aberto em Alba no dia 31 de maio de 1964, aos dezesseis anos de sua morte, e concluído em 23 de junho de 1969. Foi declarado Venerável em 3 de março de 1990 com a assinatura do Decreto, por São João Paulo II, que reconheceu a heroicidade do Frei Ricardo André Maria Borello, ssp. É necessário um milagre reconhecido pela Igreja, e atribuído à intercessão do Venerável, para chegar à Beatificação.

Oração

Senhor nosso Deus, para comunicar ao mundo vosso amor de Pai, enviaste à terra vosso Filho único Jesus Cristo, e o constituíste Mestre, Caminho, Verdade e Vida da humanidade. Por intercessão de vosso fiel discípulo, o Venerável Irmão André Maria Borello, fazei que os instrumentos de comunicação social: imprensa, cinema, rádio, televisão, vídeo, Internet e todos os audiovisuais, sejam sempre empregados para a vossa glória e para a elevação humana e espiritual das pessoas e da sociedade.

Pelo sacrifício da vida ainda jovem do vosso servo Borello, multiplica na Igreja e no mundo os sacerdotes, religiosos e leigos que se consagram a este multiforme apostolado e inspirai a todas as pessoas de boa vontade a cooperar com a oração, ação e meios econômicos, a fim de que, com esses poderosos meios, a Igreja proclame o Evangelho a todos os povos. Glorificai este fiel discípulo, e por sua intercessão concedei-nos a graça que agora vos pedimos… (Pedir as graças de que necessita).

Pai-nosso, Ave-Maria, Glória ao Pai.

Ó Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, tende piedade de nós.

Rainha dos Apóstolos, rogai por nós.

São Paulo Apóstolo, rogai por nós.

De todo o pecado, livrai-nos, Senhor.

Venerável Frei Ricardo André Maria Borello, ssp

Local de nascimento:  Mango (Cúneo, Itália).

Data de nascimento: 8 de março de 1916.

Morte: 4 de setembro de 1948, Sanfré (Cúneo, Itália).

Venerável: 3 de março de 1990.

 

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