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02/06/2020

Família Paulina: seguindo os passos de São Paulo!

Por Pe. Antonio Lúcio, ssp

“A glória de São Paulo” em Alba na Itália

O Pe. Tiago Alberione, “rezou muito antes de colocar as nossas Congregações  – e toda a Família Paulina fundada por ele: Paulinos, Paulinas, Discípulas do Divino Mestre, Pastorinhas, Apostolinas, Anunciatinas, Gabrielinos, Jesus Sacerdote, Santa Família e Cooperadores Paulinos – sob a proteção de São Paulo. Ele queria um santo que se destacasse em santidade e ao mesmo tempo fosse exemplo de apostolado”.

São Paulo afirma na sua Carta aos Gálatas (cf. Gl 1,11-20) que o Evangelho que ele anuncia não é resultado de conhecimento humano. Ele não o recebeu e nem o aprendeu de nenhum homem: é revelação de Jesus Cristo. Isso vem confirmado nos Atos dos Apóstolos: “Este homem, afirma Jesus, é para mim instrumento de eleição para levar meu nome diante das nações pagãs, dos reis e dos filhos de Israel” (At 9,15).

 São Paulo está convencido de que foi Jesus quem o chamou pela sua graça para anunciar a mensagem do Evangelho a todos os povos: “Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho! Anunciar o Evangelho não é título de glória para mim, mas uma necessidade que se me impõe” (1Cor 9,16). São Paulo acreditou plenamente no chamado de Jesus naquele meio-dia na estrada de Damasco: de perseguidor dos cristãos transforma-se em Apóstolo de Jesus Cristo. Ele não fez cálculos matemáticos sobre o chamado. Não pôs limites à ação de Deus nele. Não buscou certezas absolutas, porque elas não existem. Não buscou respostas que garantissem seu futuro, porque elas também não existem. Ele acreditou na ação de Deus nele e sabia que doravante seria “apóstolo por vocação” (Rm 1,1) e “escolhido para anunciar o Evangelho de Deus” (1Cor 1,1) “pela vontade de Deus” (2Cor 1,1).

 Sua fidelidade ao Evangelho foi plena e não conheceu limites de sorte alguma (cf. 2Tm 2,8-10). Ao longo de seu ministério apostólico, Paulo, enfrentou inúmeras dificuldades. Escrevendo aos Coríntios, ele afirma o que suportou por causa do Evangelho de Jesus Cristo: “fadigas, prisões, açoites, perigo de morte, flagelos, apedrejamento, naufrágio, alto mar, viagens, perigos (rios, ladrões, irmãos de raça, pagãos, cidade, deserto, mar, falsos irmãos), cansaço, sono, fome, sede, jejuns, frio” (2Cor 11,23-28).

   Como membros da Família Paulina, a “Família de São Paulo”, queremos ser fiéis a Jesus como o foi o Apóstolo Paulo. Para isso, precisamos, como ele, estar enamorados ou apaixonados de Cristo Jesus (cf. Rm 8,35-38); ter a consciência de que já não nos pertencemos mais e que já não é possível pensar nem agir sem partir de Cristo: “Pois nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17,28); convencer-nos profundamente de que é sempre Cristo quem nos ama primeiro. São Paulo se converteu porque se sentiu amado (cf. Rm 5,6-11).

O Fundador chega a afirmar que foi o próprio São Paulo quem desejou que a Família Paulina se pusesse sob o nome e o título de São Paulo: “Todos devem considerar só São Paulo Apóstolo como pai, mestre, modelo e fundador. Ele o é de fato. Por ele a Família Paulina nasceu; ele a alimentou e fê-la crescer; dele aprendeu o espírito”.

O nome Paulinos e Paulinas vem do Apóstolo Paulo, que foi o santo escolhido pelo nosso Fundador, o Bem-aventurado Tiago Alberione, como protetor de nossas Congregações: Pia Sociedade de São Paulo (Padres e Irmãos Paulinos) e Pia Sociedade Filhas de São Paulo (Irmãs Paulinas). O nascimento dos Paulinos ocorreu em 20 de agosto de 1914 e o das Paulinas, em 15 de junho de 1915. Ambos na Itália. Temos a mesma missão na Família Paulina, na Igreja e no mundo (estamos presentes nos cinco continentes): anunciar o Evangelho através dos modernos e eficazes meios de comunicação social. Nossas fundações no Brasil datam do ano 1931: os Paulinos em 20 de agosto e as Paulinas em 21 de outubro. As nossas primeiras fundações no exterior foram no Brasil, e ambas na cidade de São Paulo.

A escolha de São Paulo como protetor da Família Paulina, supunha da parte do Pe. Tiago Alberione um conhecimento seguro do Apóstolo, de seu espírito e da validade dos estímulos paulinos para o nosso tempo.

Apesar de Pe. Tiago Alberione falar de São Paulo de forma bem pouco programática, a presença do Apóstolo se faz notar de algum modo em quase todos os seus escritos. Realmente as Cartas Paulinas se apresentam como a fonte suprema de seu pensamento e de sua ação.

Escreve o Pe. João Roatta: “Contei nos escritos do Pe. Alberione até 3.500 citações explícitas ou implícitas das Cartas Paulinas; cerca de 150 citações dos Atos dos Apóstolos, além de meio milhar de alusões mais ou menos consistentes sobre São Paulo e sobre nossas relações com ele. (…) Está fora de dúvida que o Pe. Alberione se inspira sempre muito bem e ainda com gosto em São Paulo. Relendo o Pe. Alberione sob este aspecto, parece-me também ter começado a compreender mais concretamente o que significa ter o ‘espírito paulino’, isto é, pensar, escrever, orientar-se e agir, inspirando-se em São Paulo”[1].

  O conhecimento de São Paulo por parte de Pe. Tiago Alberione está orientado para o espírito e a personalidade do Apóstolo, para seu ser e agir em Cristo. Um estudo simplesmente doutrinal, científico ou de biblista não suscitou interesse em Pe. Tiago Alberione.

  Para Pe. Tiago Alberione, o Apóstolo possui uma excepcional profundidade de doutrina a respeito de Cristo e pressupõe a intimidade e o calor de um grande místico, a busca e o amor incondicional para com o homem, a habilidade e a tenacidade de organização, e a capacidade de viver integralmente e de assumir até ao derramamento do sangue tudo o que a sua missão pudesse exigir dele ao longo do seu caminho.

   Pe. Tiago Alberione assumiu, por sua conta, nas mais diversas circunstâncias, quase a metade dos escritos de São Paulo. Em seus escritos e pronunciamentos à Família Paulina, sempre fazia referência ao Apóstolo. A palavra de São Paulo chegou a compenetrar o seu pensamento e o seu estilo de tal modo que, com notável espontaneidade, aparece na composição de todas as suas palestras e até das suas cartas particulares. Eis algumas citações das Cartas Paulinas que mais vezes cita Pe. Tiago Alberione a seus filhos e filhas espalhados pelos cinco continentes[2].

@ Citada 150 vezes: “Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim. E esta vida que agora vivo, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20).

@ Citada 28 vezes: “Para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fl 1,21).

@ Citada 35 vezes: “Humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 2,8).

@ Citada 24 vezes: “Aqueles que Deus antecipadamente conheceu, também os predestinou a serem conformes à imagem do seu Filho, para que este seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8,29).

@ Citada 21 vezes: “Como poderão anunciar se ninguém for enviado? Como diz a Escritura: ‘Como são belos os pés daqueles que anunciam boas notícias!’” (Rm 10,15).

@ Citada 32 vezes: “Vigie a si mesmo e ao ensinamento, e seja perseverante. Desse modo você salvará a si mesmo e aos seus ouvintes” (1Tm 4,16).

@ Citada 28 vezes: “O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho” (1Cor 13,4).

@ Citada 27 vezes: “Aquilo que sou, eu o devo à graça de Deus; e sua graça dada a mim não foi estéril. Ao contrário: trabalhei mais do que todos eles; não eu, mas a graça de Deus que está comigo” (1Cor 15,10).

@ Citada 22 vezes: “Quer vocês comam, ou bebam, ou façam qualquer coisa, façam tudo para a glória de Deus” (1Cor 10,31).

@ Citada 27 vezes: “Combati o bom combate, terminei a minha corrida, conservei a fé” (2Tm 4,7).

@ Citada 25 vezes: “Meus filhos, sofro novamente como dores de parto, até que Cristo esteja formado em vocês” (Gl 4,19).

Quando São Paulo finalmente sentiu que o fim de sua vida e missão se aproximavam, entregou-se generosamente nas mãos de Deus, certo de que havia lutado com firmeza, constância e fidelidade por Cristo de quem aguardava a recompensa merecida aos justos. E assim ele se despede: “Quanto a mim, meu sangue está para ser derramado em libação, e chegou o tempo da minha partida. Combati o bom combate, terminei a minha corrida, conservei a fé. Agora só me resta a coroa da justiça que o Senhor, justo juiz, me entregará naquele dia; e não somente para mim, mas para todos os que tiverem esperado com amor a sua manifestação” (2Tm 4,6-8).

Para a Família Paulina, em seu Calendário Litúrgico Próprio, a Solenidade de São Paulo Apóstolo é celebrada no dia 30 de junho invocado como Patrono da Família Paulina, Titular da Pia Sociedade de São Paulo (Padres e Irmãos Paulinos) e da Pia Sociedade Filhas de São Paulo (Irmãs Paulinas).1

[1] João, ROATTA, São Paulo e a Família Paulina no Pensamento do Pe. Tiago Alberione, Edições Paulinas, São Paulo, 1977, p. 7.

[2] João, ROATTA, São Paulo e a Família Paulina no Pensamento do Pe. Tiago Alberione, Edições Paulinas, São Paulo, 1977, pp. 30-31.

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