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30/07/2020

O que significa evangelizar com os meios de comunicação social? (Parte 2)

Os conteúdos da mensagem de salvação para serem transmitidos através dos meios de comunicação devem ser tratados com os cânones próprios de tais meios, os quais têm linguagem, método e leis próprios. Por isso, todos os que trabalham com eles devem possuir uma grande capacidade profissional e verdadeira estrutura apostólica. A primeira garante o respeito pela dinâmica própria dos instrumentos; a segunda, a autenticidade da mensagem.

São estas as condições para salvaguardar os dois polos de toda evangelização, mas especificamente a que é feita através dos meios de comunicação. A fidelidade a Deus deve ser acompanhada da fidelidade ao homem e ao mundo. A mensagem da salvação chegará assim à pessoa que a recebe, sem manipulações nem instrumentalizações de gênero algum. Padre Alberione estava convencido, e afirmava-o frequentemente, de que esta nova forma de missão “não é tarefa para amadores, mas para verdadeiros apóstolos”; que o escritor deve estar antes de mais nada, “penetrado no espírito do Livro divino, para poder depois transmiti-lo aos outros”.

Por isso, dirigindo-se às massas, o apóstolo moderno deve utilizar não só os instrumentos técnicos adequados, mas também uma linguagem e um estilo acessível ao povo. “Isto não quer dizer que basta uma ciência medíocre, precisa pe. Alberione. Pelo contrário, é necessária uma ciência mais alta, à qual deve acrescentar-se a capacidade específica para comunica-la a todos com clareza”. Por isso, a partir dos estudos de base, todos os candidatos ao apostolado da comunicação social devem ter este grande ideal: saber comunicar aos homens de hoje.

O serviço do Evangelho no campo da comunicação das massas constitui um fato “social”: exige o concurso de muitas pessoas organizadas em grupos de trabalho e em articulações diversas, tendentes ao mesmo objetivo. Basta conhecer um pouco este ambiente, para encontrar grupo de investigadores, jornalistas, autores, técnicos (da parte gráfica, do som, da iluminação etc.): um verdadeiro exército de tropas escolhidas com tarefas diversas mas com um só objetivo. Podemos dizer seguindo a opinião dos peritos que sem organização não há comunicação. Padre Alberione compreendeu-o desde o início, quando pensou dar cumprimento à inspiração de Deus, mediante uma organização complexa, concretizando-a depois numa “família” de comunidades religiosas. Tinha consciência nítida desta necessidade quando escrevia:

 “Para nós, a “vida comum” nasceu do apostolado e em vista do apostolado. Este aspecto de sociedade em vista de um fim abrange também o bem comum dos Membros; mas, ao mesmo tempo, a própria observância da vida conventual supõe uma organização que tenha isto em conta: ‘estamos a serviço das almas’; somos religiosos-apóstolos.”

Em modo igualmente explícito, o Fundador fazia notar que o “apostolado paulino exige um numeroso grupo de redatores, técnicos e propagandistas”. E entre estes deve existir rigorosa colaboração.

“Todos devem estar de acordo, como se concertam entre si os artistas que apresentam uma bela obra”. O exemplo da orquestra é perfeitamente adequado. Se o conjunto está bem afinado, teremos uma estupenda sinfonia: diversamente, produz desafinação e confusão. Assim acontece com tentativas apostólicas não organizadas. “Quantas vontades e energias desunidas que se esgotam em desejos tentativas e ilusões!”. E depois destas imagens preciosas, Pe. Alberione concluía com uma preparação simples e caseira, a do pão: “É necessário que todos juntos preparemos o pão do espírito e da verdade.

O binômio para ele indispensável, de Sacerdote & Discípulo = Paulino, para além a necessidade de uma Família Religiosa e de Cooperadores leigos, nascia disto: redatores, técnicos, propagandistas, todos juntos, todos unidos, para elaborar a mensagem de salvação, multiplica-la e fazê-la chegar oportunamente ao maior número possível de pessoas.

Alguns anos mais tarde, Marshall McLuhan (1911-1980), conhecido como o teórico-profeta dos “mass-media”, confirmava este fenômeno típico da comunicação: nela o sujeito não é um indivíduo isolado; o “verdadeiro criador da mensagem é “o conjunto daqueles que permitem o funcionamento do meio de comunicação”. Em suma, o verdadeiro sujeito da comunicação não é o eu, mas o nós.

Extraído do livro: Padre Alberione, Comunicador do Evangelho, ´

Família Paulina 2003, p. 35-45

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