Por Felipe Borges, Seminarista Paulino
É Deus que chama e dá a graça, diz o povo sabiamente. A vocação, chamado divino e resposta humana, se dá de modo imprevisível e tantas vezes incompreensível, mas na naturalidade da existência humana. Paulo, “apóstolo de Jesus Cristo por vontade e chamado de Deus” (1Cor 1,1) – a quem a Família Paulina dedica afeto ainda mais especial neste mês – já dizia, com todo seu entusiasmo apostólico e sabedoria celeste:
“A loucura de Deus é mais sábia do que os homens e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Portanto, irmãos, vocês que receberam o chamado de Deus, vejam bem quem são vocês: entre vocês não há muitos intelectuais, nem muitos poderosos, nem muitos de alta sociedade. Mas, Deus escolheu o que é loucura no mundo, para confundir os sábios; e Deus escolheu o que é fraqueza no mundo, para confundir o que é forte. E aquilo que o mundo despreza, acha vil e diz que não tem valor, isso Deus escolheu para destruir o que o mundo pensa que é importante. Desse modo, nenhuma criatura pode se orgulhar na presença de Deus. Ora, é por iniciativa de Deus que vocês existem em Jesus Cristo, o qual se tornou para nós sabedoria que vem de Deus, justiça, santificação e libertação, a fim de que, como diz a Escritura: ‘Aquele que se gloria, que se glorie no Senhor’” (1 Cor 1,25-31).
Paulo, que era perseguidor dos cristãos, com uma nova mentalidade, com o coração renovado e santificado, proclama que “Deus escolheu o que é loucura no mundo, para confundir os sábios”. Seus colegas no farisaísmo poderiam ter se questionado: que loucura ele está fazendo com o caminho que está tomando? Por que Paulo segue sem medo o seu caminho em meio a tantas contrariedades e oposições? Eis a explicação: é porque Paulo sabe em quem acreditou, porque Paulo sabe que embora sua fraqueza há uma graça maior que pulsa no seu coração, porque Paulo sabe que tudo pode naquele que lhe dá forças, sabe que nada o poderá separar do amor que experimentou em Cristo e agora o anuncia sem temor aos irmãos.
Em toda história sagrada – desde Abraão, chamado a sair de sua terra para nova missão, até Maria, a desconhecida de Nazaré, que se entregou completamente ao plano da salvação – podemos perceber que Deus vai ao encontro daqueles que o mundo não considera, daqueles desprezíveis e tidos como fracos, para que como em Paulo, a força, a potência, a glória e a sabedoria de Deus se manifestem. E quando é Deus agindo, quem impedirá? Foi assim na história dos homens e mulheres na Bíblia e assim será na história daqueles que respondem sem medo, em sua pequenez, o chamado bendito do Senhor. É esse mesmo o incentivo trazido pelo Papa Francisco para o dia mundial das vocações deste ano: “Rezemos, irmãos e irmãs, para que o Povo de Deus, no meio das dramáticas vicissitudes da história, corresponda cada vez mais a esta vocação. Invoquemos a luz do Espírito Santo, para que cada um e cada uma de nós possa encontrar o respectivo lugar e dar o melhor de si neste grande desígnio!”.
Muitos são chamados, e poucos são escolhidos (cf. Mt 22,14). Não tenhamos medo de dizer sim!
São Paulo Apóstolo, rogai por nós!
