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27/04/2023

A santidade para o Bem-aventurado Pe. Alberione e para o Papa Francisco

Por Felipe Borges, Noviço Paulino

“Alguns pensam que a santidade foi uma flor que desabrochou no século passado, nos primeiros séculos da Igreja, nos primeiros tempos da Igreja e na Idade Média, mas não seja mais possível ao nosso século corrupto e irreligioso. Outros creem de modo positivo que para chegar à perfeição se faça necessário abandonar tudo: negócios, família, pátria e fechar-se talvez entre os muros de um convento; e, assim, como não conseguem sair do mundo, abandonam o pensamento de fazer-se santos – como se fosse algo impossível. Quantas fantasias!… Os santos foram e são homens como nós; vestidos da mesma carne de pecado, tentados ao mal pelas mesmas paixões; mas chegaram à perfeição porque desejaram firmemente, desejaram com perseverança. Deus está pronto a tratar-nos como tratou aos santos e a conceder-nos as mesmas graças para que nós correspondamos às suas inspirações e sejamos fiéis à sua lei. Ele ama a todos os homens igualmente e deseja que todos se tornem perfeitos. Se pode ser santo em qualquer estado ou ocasião; e a santidade consiste na prática exata dos mandamentos de Deus e da Igreja e no cumprimento das obrigações da nossa vocação. Também no nosso século pode-se tornar santos, porque temos os mesmos meios dos primeiros tempos da Igreja.” (T. Alberione, Maggiorino Vigolungo, pp. 119-120).

Com essas palavras um Piemontês que nasceu no final século XIX (1884) e faleceu no século passado (1971), o Bem-aventurado Pe. Tiago Alberione, em um livro de 1919[1], deixava claro ao povo do seu tempo, aos interlocutores da sua missão, que a santidade – sim, a santidade – é possível a todos. Antes das palavras do Concílio Vaticano II (1962-1965), na constituição dogmática Lumen Gentium[2], o Beato Pe. Tiago Alberione já deixava claro que ser santo não é para poucos e que “os santos foram e são homens como nós”.

O Papa Francisco que, por mais que tenha raízes piemontesas, veio da Argentina e guia a Igreja hoje, exprime-se sobre santidade igualmente de um modo irrestrito – na exortação apostólica sobre a santidade no mundo atual Gaudete et Exsultate: “Não pensemos apenas em quantos já estão beatificados ou canonizados. O Espírito Santo derrama a santidade, por toda a parte” (n. 6). O Papa, de modo semelhante ao do Pe. Tiago Alberione, afirma que “para ser santo, não é necessário ser bispo, sacerdote, religiosa ou religioso. Muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade esteja reservada apenas àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar muito tempo à oração. Não é assim. Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra” (GE n. 14).

Duas referências de épocas diversas, mas que têm pensamento próximo ao referirem-se à santidade. Em outro de seus escritos, Pe. Tiago Alberione recordará que: “A santidade é a obstinação em cumprir a vontade de Deus, sempre, apesar das dificuldades” (Pensieri, p. 97). O Papa Francisco, nessa mesma linha, encoraja: “Deixa que a graça do teu Batismo frutifique num caminho de santidade. Deixa que tudo esteja aberto a Deus e, para isso, opta por Ele, escolhe Deus sem cessar. Não desanimes, porque tens a força do Espírito Santo para tornar possível a santidade e, no fundo, esta é o fruto do Espírito Santo na tua vida. Quando sentires a tentação de te enredares na tua fragilidade, levanta os olhos para o Crucificado e diz-Lhe: ‘Senhor, sou um miserável! Mas Vós podeis realizar o milagre de me tornar um pouco melhor’. Na Igreja, santa e formada por pecadores, encontrarás tudo o que precisas para crescer rumo à santidade. ‘Como uma noiva que se adorna com as suas joias’ (Is 61, 10), o Senhor cumulou-a de dons com a Palavra, os Sacramentos, os santuários, a vida das comunidades, o testemunho dos santos e uma beleza multiforme que deriva do amor do Senhor” (GE n. 15).

Que a mensagem deixada pelo Bem-aventurado Pe. Tiago Alberione sobre a santidade e a exortação pontifícia do Papa Francisco Gaudete et Exsultate nos ajudem a não desanimarmos no caminho da santidade, no caminho do imitar a Cristo amando a Deus e às pessoas em todas as realidades que nos encontrarmos!

[1] Maggiorino Vigolungo, escrito em 1919 pelo Bem-aventurado Tiago Alberione narra a trajetória do pequeno aspirante Paulino que, na sua tenra idade, ofereceu todas as energias pelo apostolado da comunicação social – naquele tempo a imprensa –, e morreu aos 14 anos, ofertando sua vida por esta missão e por todos os aspirante Paulinos.

[2] Lumen Gentium, 40: “[…] É, pois, claro a todos, que os cristãos de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Na própria sociedade terrena, esta santidade promove um modo de vida mais humano. Para alcançar esta perfeição, empreguem os fiéis as forças recebidas segundo a medida em que as dá Cristo, a fim de que, seguindo as Suas pisadas e conformados à Sua imagem, obedecendo em tudo à vontade de Deus, se consagrem com toda a alma à glória do Senhor e ao serviço do próximo. Assim crescerá em frutos abundantes a santidade do Povo de Deus, como patentemente se manifesta na história da Igreja, com a vida de tantos santos”.

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