Discernimento vocacional e formação nos Institutos Paulinos

Na Provida mater Ecclesia afirma-se que “com uma severa e prudente seleção dos membros, uma cuidadosa e suficientemente longa formação, um adequado, austero e ao mesmo tempo leve regime de vida também no mundo, se houver uma especial vocação divina, com o auxílio da graça, pode-se com certeza obter uma íntima e eficaz consagração de si mesmo ao Senhor, não somente interna, mas também externa e quase como a dos religiosos, e se tem um meio muito adequado de penetração e de apostolado” (n. 9) (cf. Primo feliciter, nn. 1-2,6,10; Cum Sanctissimus, nn. 9/ VI, 11/a).
Referindo-se aos Institutos seculares, o documento conciliar Perfectae caritatis assim se expressa: “Estejam bem cientes que não poderão exercer tão alta missão se os seus membros não forem cuidadosamente formados nas disciplinas divinas e humanas, de tal maneira que se tornem fermento no mundo, destinado a incrementar e revigorar o Corpo de Cristo” (PC 11).
“A perfeição não é um belo sonho, exige profundo espírito de piedade, recolhimento, mortificação e contínua generosidade – relembra o Fundador – …Compreende-se então a necessidade de uma constante direção espiritual, tanto mais que os membros dos Institutos seculares vivem em contato com o mundo, no meio de perigos constantes, causados pela mesma atividade de apostolado; e faltam subsídios espirituais que nos outros Institutos estritamente religiosos são abundantes… Infundir coragem diante das dificuldades (cf. Provida mater, n. 10) e especialmente diante da incompreensão; educá-los para a lealdade e a fidelidade (CISP 1321ss).

Tarefas factíveis
É absolutamente indispensável que o candidato à vida secular consagrada verifique se tem condições de viver facilmente os compromissos que assume com a profissão dos conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência, de modo que não sejam superiores às suas possibilidades concretas.
Na constituição dogmática do Concílio Vaticano II, Lumen Gentium, afirma-se que na profissão dos conselhos evangélicos (cf. 16), que acontece por vocação divina (cf. 15) e tornada pública pelo reconhecimento da Igreja (cf. 17,31), “o fiel… entrega-se totalmente ao serviço de Deus sumamente amado, de maneira que por um título novo e especial fica destinado ao serviço do Senhor. Já pelo batismo, morreu ao pecado e foi consagrado a Deus; mas, para poder recolher frutos mais abundantes da graça batismal… na caridade e na perfeição do culto divino, é consagrado mais intimamente ao serviço divino. E esta consagração será tanto mais perfeita quanto mais sólidos e estáveis são os vínculos com que Cristo é representado indissoluvelmente unido à Igreja, sua esposa” (44).
No decreto conciliar Perfectae caritatis acrescenta-se que os “membros de qualquer Instituto… não somente mortos ao pecado (cf. Rm 6,11), mas renunciando também ao mundo (Aqui se entende o mundo que se opõe a Deus [cf. Jo 7,7], que, no entanto, Deus ama [cf. Jo 3,16] e que Jesus não condena, mas veio para salvar [cf. Jo 12,47], vivem somente para Deus. Toda a vida deles, de fato, foi posta ao serviço de Deus e isto constitui uma consagração especial que mantém suas profundas raízes na consagração batismal e é a sua mais perfeita expressão” (5).
Portanto, “os Institutos seculares, embora não sejam Institutos religiosos, acarretam uma verdadeira e completa profissão dos conselhos evangélicos no mundo, reconhecida pela Igreja… Esta profissão confere a consagração tanto a homens como a mulheres, a leigos e a clérigos que vivem no mundo… Convençam-se de que não poderão exercer tão alta missão se os seus membros não forem cuidadosamente formados nas disciplinas divinas e humanas, de tal maneira que se tornem fermento no mundo, para o fortalecimento e o crescimento do Corpo de Cristo… É necessário propiciar aos membros uma séria formação, sobretudo espiritual, e promover sua formação ulterior” (PC 11).

Iter formativo
Os membros dos Institutos paulinos de vida secular consagrada vivem conforme as condições normais de vida dos leigos, mais expostos, portanto, aos perigos do secularismo e à influência dos pseudovalores que a sociedade contemporânea apresenta por vezes de maneira muito agressiva. Além disso, falta o apoio de uma comunidade que os acolha e de um horário bem definido. Tudo é relegado à generosidade deles e ao seu senso de responsabilidade. A fim de que permaneçam espiritualmente animados e apostolicamente empenhados, torna-se indispensável uma sólida formação de base e uma animação constante. Esta exigência é muito sentida pelos membros dos Institutos, que solicitam uma permanente ação de apoio e de acompanhamento.
Para favorecer o discernimento vocacional e a formação dos membros, o Estatuto dos Institutos paulinos prevê um iter com etapas bem definidas, muito semelhante ao dos Institutos religiosos. Os conteúdos da formação abarcam todos os aspectos da vida e da missão dos membros. Descendo aos particulares: a formação humana, a espiritualidade paulina; o apostolado no seu aspecto evangelizador; a pertença ao Instituto como parte integrante da Família Paulina; a visão alberioniana da realidade, sobretudo na sua tensão escatológica; a secularidade, entendida como condição “peculiar” para viver a consagração.
O Fundador exorta que “o calor e a luz vital devem proceder dos sacerdotes paulinos que aqui exercem um grande e delicado ministério. Por isso impõe-se… que estejam atualizados em vista das diversas Instituições: para dar o que devem dar” (UPS I, 20).
Prioriza-se uma ação formativa de humanização e de pré-evangelização antes de orientá-los para a vida consagrada. O contato com os candidatos, as visitas “in loco” tem esta finalidade. O discernimento para a orientação vocacional dos possíveis candidatos tem em vista identificar neles as condições e as disposições necessárias para que sejam acolhidos no Instituto: devem ser pessoas de fé católica, idôneas a realizar as obras do Instituto, com a reta intenção e o sincero desejo de alcançar a caridade perfeita, seguindo as práticas dos conselhos evangélicos e dedicando, de modo estável, a sua vida ao apostolado.
Na avaliação das disposições pessoais, verifica-se o chamado de Deus e apresenta-se ao candidato as condições necessárias para fazer parte do Instituto: imunidade de doenças que impedem de assumir os deveres do Instituto, um trabalho remunerado ou a disponibilidade de bens necessários para viver também no caso de doença e velhice, a disponibilidade de tempo e a liberdade para dedicar-se às obras do Instituto.
É extremamente indispensável que os formadores e os candidatos tenham clareza a respeito destas obrigações, com o objetivo de tornar coerentemente responsáveis os futuros consagrados como pessoas, cristãos e consagrados.
Os conselhos evangélicos baseados no ensinamento e comportamento do divino Mestre (cf. Mt 19,12; CDC 575) “são gerais e perfeitos” (Tomás de Aquino), no sentido que encerram o radicalismo evangélico e constituem uma forma estável de vida doada inteiramente a Deus para a edificação da Igreja, a salvação do mundo e a perfeição da caridade (cf. CDC 573). O serviço a Deus e à Igreja se expressa no apostolado próprio segundo o CDC (cf. cânones 713s; 722 § 2) e o Estatuto do próprio Instituto. De fato “com a profissão dos conselhos se dá a incorporação ao Instituto: temporária, depois do noviciado, e definitiva (cf. CDC 723). Na Provida mater se lê que a incorporação seja “estável, mútua e plena” (art. II § 3, 1-2; cf. Primo feliciter 11-12).

Livres obedientes
A liberdade de ação no contexto eclesial é antes de tudo um dom do Espírito de Deus que se torna serviço de caridade. Pe. Alberione entende por liberdade a fidelidade à vontade benévola do Senhor em todos os níveis, a qual é o fim último de todo apostolado. A Igreja, não somente hierárquica, mas todo o povo de Deus, usufrui da liberdade dos filhos de Deus e, quando é coesa em si mesma, pode facilmente ser a luz colocada sobre o monte e sacramento de salvação. O Fundador da Família Paulina se preocupará com vigilância meticulosa para manter-se fiel à Igreja, induzindo os seus filhos e filhas espirituais a fazer o mesmo. Aliás, é gratificante quando o ouvimos dizer familiarmente: “Fico contente quando os meus filhos me superam”.

Pe. Ângelo De Simone, ssp.

Conheça os INSTITUTOS PAULINOS DE VIDA SECULAR CONSAGRADA:

Instituto Nossa Senhora da Anunciação (para moças)
Instituto São Gabriel Arcanjo (para rapazes)
Instituto Santa Família (para casais)
Instituto Jesus Sacerdote (para presbíteros e bispos diocesanos)

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