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22/07/2015

Maria Madalena, a testemunha da ressurreição

Por João Paulo da Silva, Postulante Paulino

“Mataram o meu Senhor, levaram o meu Senhor, pensaram que ele estava derrotado! Disseram que o seu sonho terminou, mas em menos de três dias o meu Senhor ressuscitou!” (Pe. Zezinho)

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Com o passar do tempo, esta figura tão importante para a difusão do evangelho ganhou características que não pertencem a ela. Ela não era a mulher adúltera que seria apedrejada, ela não é a pecadora que lavou os pés de Jesus. Ela é a mulher que apresentou a Deus um grande amor e uma doação de toda a sua vida. Tornou-se anunciadora, missionária e mulher da fé.

Ao longo da história, houve quem quisesse apresentá-la como a esposa de Jesus, um erro grotesco difundido por Dan Brown em seu livro de ficção “O Código Da Vinci”. Numa sociedade de fantasias, que muitas vezes, toma por verdade o que é mentira. Infelizmente a sociedade atual tende a reduzir o amor a uma atividade meramente sexual, quando na verdade o amor não se restringe à relação carnal, pelo contrário, ele sempre esteve liberto de qualquer amarra.

Na liturgia de hoje, dia 22, dia em que celebramos a memória desta grande mulher, nos confrontamos com dois textos importantíssimos; o primeiro é um trecho do livro do Cântico dos cânticos (3,1-4), em que narra a busca de uma jovem que  procura o seu amor que desapareceu, mas que não teme atravessar qualquer barreira para encontrá-lo, e quando realiza o seu encontro, nutre-se da presença daquilo que tanto ansiava.

No segundo (João 20,1-2.11-18), temos Maria Madalena, mulher que ama o Senhor. Convicta em sua fé, foi ao túmulo de Jesus para prestar-lhe o respeito que vinha do seu amor. O túmulo vazio trouxe a sua alma a aflição da profanação, pois ela pensava que o corpo havia sido roubado. Para entendermos um pouco do que isto significa, temos que migrar o nosso pensamento para aquela época, o corpo é um grande bem oferecido por Deus, por isso os judeus tinham sempre o maior cuidado com ele, mesmo quando o estágio de putrefação começava a avançar, o que não aconteceu com o Cristo. Mas esse cuidado com o corpo do falecido era um sinal de respeito e de amor.

Madalena é aquela que busca cuidar do corpo do Senhor, mas o desespero em não encontrá-lo foi algo aterrorizador; ela sai do túmulo e, desolada, chora com a terrível situação, pois não sabia o que havia acontecido. Imaginemos se o corpo de um ente querido nosso fosse roubado do túmulo, qual seria a nossa reação? A reação dela foi o desespero. Mesmo vendo os anjos, ela não consegue entender o que havia acontecido, e chega a responder a eles: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram” (Jo 20,13). Mas ao ver o Cristo Ressuscitado, no jardim, e momentaneamente não reconhecê-lo, ainda procurando o amado de sua vida, diz-lhe, pensando que era o jardineiro: “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o colocaste e eu o irei buscar”.

A resposta de Jesus a ela foi esta: “MARIA”. E ela o reconheceu, porque o amor de Jesus é o amor verdadeiro, e ele, como havia dito, chama todas as suas ovelhas pelo nome, e as ovelhas reconhecem o seu pastor, pois não confundem a sua voz com as vozes do mundo (cf. Jo 10,3-4). Maria Madalena apenas exclama em hebraico: “Rabunni” (que quer dizer mestre). E nisto se torna a grande testemunha do “Eu vi o Senhor!”.

Que este exemplo de fé nos ensine sempre a buscar o amor daquele que nos ama em sua plenitude; e que jamais confundamos o amor de Jesus com um carinho ou um afago humano, pois Ele é o verdadeiro amor.