Notícias

25/06/2015

Papa alerta sobre as consequências dos ressentimentos do casal sobre os filhos.

“Quando o homem e a mulher se tornam uma só carne, todas as feridas e todo o abandono do pai e da mãe incidem na carne viva dos filhos”.

matfami

Na manhã de ontem, 24, o Papa realizou a última catequese antes das férias de verão, que na Europa são previstas agora para o mês de julho. A Praça de São Pedro recebeu dezenas de milhares de fiéis, turistas e romanos para o tradicional encontro com o Santo Padre. Nas últimas catequeses, ele havia falado sobre algumas fragilidades da condição humana, como a pobreza, a doença e a morte. Desta vez, o Sumo Pontífice quis refletir sobre as feridas que surgem no âmbito da convivência familiar.

A preocupação do Santo Padre é que as dificuldades entre os membros da família acabem se tornando algo doloroso e que cause mágoa, que diminua a possibilidade do perdão e da parceria entre eles, ocasionando até a destruição do lar.

“E quando as feridas são subestimadas, acabam degenerando, e se transformam em prepotência, hostilidade e desprezo. O esvaziamento do amor conjugal gera ressentimentos, e a desagregação do casal recai sobre os filhos”, advertiu.

“Quando os adultos perdem a cabeça, quando cada um pensa apenas em si mesmo, quando o pai e a mãe se agridem, a alma dos filhos sofre imensamente, sentem-se desesperados. E nós? Não obstante a nossa sensibilidade, tão evoluída, parece que ficamos anestesiados diante das feridas profundas na alma das crianças.”

O Sumo Pontífice continuou falando sobre a ligação na família, pois quando um homem e uma mulher, que se comprometem a ser “uma só carne” e formar uma família, pensam obsessivamente nas próprias exigências de liberdade e gratificação, forma uma distorção que fere profundamente o coração e a vida dos filhos.

“Temos que entender bem isso: o marido e a mulher são uma só carne; mas as suas criaturas são carne da sua carne. Quando se pensa na dura advertência que Jesus fez aos adultos para não escandalizarem os pequeninos, pode-se compreender melhor a sua palavra sobre a grave responsabilidade de salvaguardar o vínculo conjugal que dá início à família humana. Quando o homem e a mulher se tornam uma só carne, todas as feridas e todo o abandono do pai e da mãe incidem na carne viva dos filhos.”

O Papa fez uma observação, pois ele mesmo reconhece que “há casos em que a separação é inevitável; às vezes pode se tornar até moralmente necessária, quando se fala de salvar o cônjuge mais frágil, ou filhos pequenos, de feridas causadas pela prepotência e pela violência, das humilhações e da exploração, da indiferença”.

O Santo Padre quer refletir, no próximo Sínodo, sobre a situação das famílias.

“Ao nosso redor, há muitas famílias que se encontram na situação chamada ‘irregular’ (palavra de que não gosto). Nós nos perguntamos: Como ajudá-las? Como acompanhá-las para que as crianças não sejam ‘reféns’ do pai ou da mãe? Peçamos ao Senhor uma fé grande para vermos a realidade com o olhar de Deus; e uma caridade grande, para nos aproximarmos destas pessoas com coração misericordioso.”