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16/04/2021

Onde cabe a crítica?

Por Felipe Borges, Seminarista Paulino

A crítica está por aí, em toda parte. Sempre foi parceira do ser humano ao logo de sua história. O “dicionário Aurélio” assim a conceitua: “Análise avaliativa de alguma coisa”. Portanto, a crítica em si não é maléfica. O entrave aparece quando quem avalia o faz exclusivamente pela sua ótica, ignorando o contexto e a ótica de quem é avaliado.

A crítica de quem nada faz é a mais miserável de todas as críticas. Pois quando se critica quem faz o que não tenho coragem de fazer, ou desconheço como fazer, estou querendo ensinar aquilo que não sei. Desqualifico o que não tenho propriedade para desqualificar.

A crítica dos que nada fazem se inspira em preconceitos, invejas, maquinações de inimizade ou mania egoística de tudo criticar. A crítica dos que nada ou pouco fazem é desencorajadora e pode destruir sonhos, empenhos e o labor de muitos que dedicaram tempo, energias e a própria vida para a realização do bem comum.

A crítica cabe quando é para construir. Criticar é bom quando é para ajudar. Os grandes pensadores e influenciadores de nossos dias ensinam que quem tem caráter critica em particular. Pois, quem critica para ajudar, não quer constranger o outro. Por isso, a boa crítica é discreta, mede as palavras e é orientada à pessoa. Não expõe o outro em público.

Muitas vezes sonhamos com um mundo bonito, de paz e fraternidade; mas, depois, nos tornamos entrave, quando anunciamos justiça e promovemos a injustiça, nos colocando no coro dos que criticam pouco ou nada fazendo – em vez de olharmos a doação e dedicação de quem está procurando construir. No contexto eclesial, isso fica muito evidente! Quando o Papa lançou a Encíclica Fratelli Tutti, muitos o criticaram. Mas não se questionaram o porquê ou se colocaram na pele dos que estão sofrendo as consequências da desigualdade e, atualmente, com os problemas trazidos pela pandemia.

A crítica discreta e construtiva acrescenta. Mas cabe apenas quando é para construir e semear sementes de crescimento. Para destruir, e quando vem sem fundamento e sem autoridade moral, jamais!