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18/04/2022

Tiago Alberione: empreendedor de Deus

Por Gianfranco Maggi - Centro di Spiritualità Paolina Internazionale

*Artigo publicado na Gazzetta d’Alba

A partir deste número, oferecemos aos leitores uma preciosa série de documentos. Trata-se das conferências feitas por três grandes especialistas, no congresso de 26-28 de novembro para comemorar os 50 anos da morte do bem-aventurado padre Tiago Alberione, no âmbito de “Alba capital da cultura de empresa 2021”. Este ano, exatamente no dia 3 de junho, Gazzetta d’Alba completa 140 anos de vida e seu sucesso é estreitamente ligado à atividade apostólica do padre Tiago Alberione, que em 1913 a adquiriu da diocese e a relançou, levando-a a crescer até se tornar o semanal de referência de um inteiro território. Mas é também graças à Gazzetta que Alberione percebeu o toque da hora para dar início à sua grande obra apostólica no ano sucessivo, em 1914, fundando a Sociedade de São Paulo. A esta conferência do professor Gianfranco Maggi, nos próximos números, daremos sequência com as do historiador Andrea Riccardi e do economista Stefano Zamagni.

Antes de entrar no vivo do tema, pode ser útil repercorrer em grandes linhas a longa vida de Tiago Alberione. Nascido em 1884 numa chácara do distrito de São Lourenço, do município de Fossano, como quinto filho de uma tradicional família de camponeses, seguiu a mudança deles para Montecapriolo de Cherasco. Manifestou muito precocemente a intenção de se tornar padre, e frequentou primeiro o Seminário de Bra e depois o de Alba, onde foi ordenado em junho de 1907. Doutorado em teologia e muito estimado pelo bispo Dom Re, foi nomeado diretor espiritual dos seminaristas albenses. Seguindo seu mestre cônego Chiesa, começou a empenhar-se na União popular (como se chamava então a Ação católica) e a ocupar-se da “boa imprensa”.

Aos inícios da obra está Gazzetta d’Alba

Em 1913, adquiriu da diocese a propriedade do semanal Gazzetta di Alba, então à beira da insolvência econômica devido às dívidas. Em 1914, deu vida à Escola tipográfica, embrião daquela que em breve se tornou a Sociedade de São Paulo. Muito velozmente a sua criatura expandiu a própria atividade atraindo um número sempre crescente de seguidores, tanto homens como mulheres. Tendo que superar a desconfiança das Congregações romanas, e também de boa parte do clero diocesano de Alba, Padre Alberione lutou por muito tempo para obter o reconhecimento eclesiástico de sua fundação. Ela entrementes em 1925 havia aberto uma sua sede em Roma, editando uma miríade de boletins paroquiais, periódicos de devoção, livros.

A Sociedade de São Paulo – à qual flanqueavam os ramos femininos das Filhas de São Paulo e depois, a partir de 1924, das Pias Discípulas e de 1938 das Irmãs Pastorinhas – no decorrer de poucos anos chegou a contar com um número altíssimo de membros, e em Alba havia construído uma sede imponente, para hospedar centenas de meninos e jovens além dos ambientes necessários ao trabalho de composição, impressão e despacho da sua produção tipográfica. Desde o início dos anos ’30, Padre Alberione começou a enviar seus sacerdotes em vários Países, europeus e extra europeus, para imitar lá aquilo que havia sido feito em Alba. Em todos os lugares, portanto eram abertas tipografias e livrarias. Sucessivamente, na Itália teve início uma produção cinematográfica e no exterior tiveram início as primeiras estações radiofônicas. O prestígio do fundador crescia sem parar, reconhecido e louvado também pelos pontífices. Por ocasião do concílio ecumênico Vaticano II, foi incluído no restrito grupo de superiores religiosos convidados a participar. Morreu em Roma (onde residia desde 1936) dia 26 de novembro de 1971. Naquele momento as congregações por ele fundadas compreendia um complexo acima de 5.200 pessoas, homens e mulheres. Não empregadas a serviço de uma empresa, mas voluntárias que havia conscientemente decidido de consagrar a própria vida a uma missão que o Senhor lhes indicava através do Padre Tiago Alberione. Foi proclamado bem-aventurado em 2003.

Uma grande empresa onde havia o deserto

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O “legado” de Tiago Alberione era uma imponente obra de “apostolado da boa imprensa”. Havia assim realizado a sua ideia, amadurecida desde os primeiríssimos anos do século, de fazer do jornalismo “o braço direito e a arma da Igreja” contra a nefasta influência da imprensa leiga anticlerical que corria o risco de “corromper” as massas católicas. A convicção de ter recebido de Deus uma missão especial e bem determinada, para cumprir pessoalmente, escreve o seu biógrafo, «estava enraizada no seu ânimo como um dogma de fé».

Mas indubitavelmente, examinado de um ponto de vista diferente, havia também criado uma empresa de primeira, com seus estabelecimentos, suas redações, a sua rede de distribuição e a sua propaganda capilar. Havia, portanto construído do zero, a partir de Alba, uma grande indústria, que se colocava entre as maiores da Itália no setor editorial. Todavia nenhuma prospectiva diversa daquela apostólica empenhava a sua mente e o seu coração. É significativo que em suas obras (muitas, mas construídas na máxima parte por coletâneas de pequenos artigos ocasionais e, sobretudo, de transcrições de suas prédicas) não apareça nunca o tema da atividade industrial ou comercial, nem mesmo em seu Catecismo social. Elementos de sociologia cristã. As únicas vezes que faz alusão ao tema é somente para repelir a ideia de querer imitá-lo.

Tiago Alberione, contudo, havia sido, sem dúvida, um empreendedor. E, coisa ainda mais significativa, havia sido isto num contexto como aquele de Alba do início do século XX. Aquela que se celebra hoje aqui como “capital da cultura de empresa” era al contrário um autêntico “deserto de empresa”.

Exceto algumas empresas vinícolas desde então renomadas, mas de dimensões tudo considerado minúscula, a única verdadeira “fábrica” era a fiação de então De Fernex, que em sua época melhor havia dado emprego, no tempo da dobagem, algumas centenas de operárias, mas isto já estava em inexorável declínio. Havia três olarias para a produções de cerâmicas e um moinho, no Mussotto, que havia sido muito importante, mas que estava também ele em fase de decadência. As estatísticas da época falam também de uma fabriquinha de pregos, e de várias atividades artesanais de mínimo relevo.

Neste panorama – que nos mostra uma cidade que confiava a sua, bem escassa, prosperidade ao comércio dos gêneros produzidos por uma agricultura por sua vez atrofiada, sobrecarregada por uma massa de trabalhadores que, para viver, eram constrangidos a uma gigantesca emigração, – as obras realizadas por aquele padrezinho, frágil, mas teimoso, tinham algo de milagroso. Partindo em 1914 de uma tipografia, de dimensões muito reduzidas, conduzida por mão de obra cheia de boa vontade, mas sem nenhuma especialização, no prazo de poucos anos, aproveitando as ocasiões que a crise bélica e post-bélica oferecia havia comprado novas máquinas e aumentado a atividade produtiva, contando com um número de seguidores que crescia impetuosamente, ansiosos de por todos os próprios (escassos) recursos a serviço de um ideal apostólico que os inflamava.

Por muitos anos, a obra do Padre Alberione, embora tendo uma dimensão considerável e um patrimônio bem respeitável, não teve até mesmo uma natureza jurídica bem definida.

A certo ponto, porém, em 1923, até para exorcizar o temor de alguma lei “eversiva”, a Sociedade de São Paulo foi constituída como anônima por ações, cujo capital social de 1.700.000 de liras, depois de quatro anos, havia crescido a 4 milhões. Em seguida, sempre à espera de um reconhecimento eclesiástico, foi transformada em pia obra civilmente reconhecida.

Contribuiu ao desenvolvimento de dois quarteirões na cidade

Já em 1920, a criatura de Alberione, que nos relatórios anuais mostrava uma gestão econômica ativa, não encontrava mais na cidade os espaços que pudessem hospedá-la e fora constrangida a recusar, por falta de locais, cerca de oitenta pedidos de admissão. E então decidiu de campese ‘nt i prà, adquirindo a vasta extensão de terreno em parte pantanoso que ficava entre a circunvalação, a ferrovia e a torrente Cherasca. Aquela mesma área onde hoje estamos reunidos. E aí construiu a primeira “casa”: um fabricado de três andares de 31,80 por 12,20 metros.

Os jovens da Sociedade paulina eram então cerca de oitenta; um ano depois tinham se tornado em 172, e a nova casa já era abundantemente insuficiente para lhes dar uma hospitalidade, ainda que absolutamente espartana, e os espaços para trabalhar. E faltavam também os locais para o depósito das mercadorias que serviam para a produção e dos impressos que deviam ser distribuídos.

Assim no final de 1922 partiu para a Prefeitura um novo pedido de licença para edificar uma construção de sessenta metros de comprido, igual àquela realizada até então, deixando entre as duas o espaço para situar no futuro uma igreja.

Era uma verdadeira frenesia de construir (o “mal da pedra”, como alguém o chamava) que levou Alberione a realizar o grande complexo de edifícios com vistas para Praça de São Paulo, em Alba. Graças ao incansável trabalho dos seus “jovens” e de muitos generosos cooperadores, havia também elevado o nível do terreno, que antes fora escavado para fornecer matéria prima para as olarias de Alba, elevando-o quanto necessário para transformá-lo na grande esplanada da atual praça. Ao redor dela nascia assim um novo quarteirão citadino. Mas outa contribuição igualmente significativo Alberione havia já dado precedentemente ao desenvolvimento urbanístico de Alba. Em 1914, exatamente na fase de aurora de sua criatura, na busca de uma colocação adapta a hospedá-la, havia adquirido, na zona então bem distante da extrema periferia, a vila Moncaretto juntamente com cerca de 7 hectares de terreno, que chegavam até a estrada para Barolo. Suas intenções eram muito claras: ali haveria construído (e iniciou logo a fazê-lo) uma igreja, o Divino Mestre de hoje. Assim teria crescido o valor dos terrenos circunstantes, de modo que fosse possível, não a longo prazo, revende-los, conservando somente a faixa ao lado do edifício sagrado. Teria assim obtido quanto servia para amortizar a dívida contraída de 80 mil liras e a terminar a construção da igreja.

Uma “pia especulação”, como chegou a defini-la o bispo dom Re, quando foi informado disso. Esta realização deu um poderoso empurrão na forte expansão da cidade no primeiro pós-guerra na diretriz daquela será chamada avenida Piave.

A função confiada aos muitos cooperadores

O frenético ativismo do Padre Alberione, no asfixiado ambiente albense, suscitava reações contrapostas. Havia, sobretudo no ambiente rural da diocese, mais de quinhentos fiéis (homens e mulheres) entusiastas por uma empresa apostólica nova e dispostas a “cooperar” em muitos modos: com doações de dinheiro e de gêneros alimentícios, mas também com preciosíssimas prestações de trabalho, especialmente no período invernal no qual os terrenos exigiam menos

Alberione denominou-os de “cooperadores paulinos” e deveu a eles muito de seu sucesso. Mas havia também os detratores, aqueles que suspeitavam daquilo que se estava fazendo e que se perguntavam de onde vinha o dinheiro que era abundantemente gasto. E havia também entre os padres da diocese que temia que aquele boom pudesse transformar-se num crac e que a diocese acabaria devendo cobrir buracos que causavam medo.

Uma única missão para homens e mulheres

Os incômodos maiores, porém, Alberione os encontrava em seus superiores. Desde logo havia pedido um reconhecimento formar de sua obra, com a constituição em congregação religiosa. Mas queria que fosse aceito o esquema que havia pensado e que já havia começado a realizar: aquele de uma sociedade de vida religiosa que tivesse como escopo único o apostolado por meio da imprensa e que fosse composta por um ramo masculino e um feminino, integrados sob uma única diretoria.

Merece a esta altura, para sublinhar a sua convicção de um novo e mais amplo papel a ser confiado às mulheres na pastoral eclesial, recordar como, já em 1915, houvesse publicado um seu livro intitulado A mulher associada ao zelo sacerdotal.

Tudo isto, porém, não conseguia reentrar nas estreitas regras do código de direito canônico, e para obter o ansiado reconhecimento pontifício, limando cada vez seus pedidos, teve que esperar mais de dez anos. E ceder sobre a compresença de dois ramos numa única realidade, dando vida sucessivamente a mais congregações femininas coligadas com os Paulinos sob o chapéu da Família paulina.

Total confiança na Providência mais do que no dinheiro

Quanto aos recursos econômicos, Alberione teve sempre necessidade em quantidade muito considerável. O dinheiro não bastava nunca. Não certamente por exigências pessoais, do momento que sua vida foi, sem nunca exceção, marcada por um estilo até mais do que monástico. Mas porque aquilo que estava criando custava muito, ainda que seus filhos (e as suas filhas ainda mais) não recebesse nenhuma retribuição pelo preciosíssimo trabalho que desenvolviam. Os edifícios, porém, tinham um custo, de construção e de manutenção; e as máquinas tipográficas nem sempre conseguia encontrá-las a bom preço; e. em todo caso, manter um exército de pessoas que crescia continuamente comportava um peso não indiferente.

E, então, como fazia? Para entende-lo, devemos entrar na sua mentalidade, plasmada por uma fé granítica: dizia que «é fácil fazer obras tendo dinheiro, o belo é deixar que faça as obras o Senhor, que não parte nunca do dinheiro». E mesmo se «as obras de Deus não se começam com dinheiro, mas com a oração e a confiança em Deus; ponha-se a confiança em Deus e se prossiga, começar com o dinheiro é ingenuidade».

Para os primeiros passos (compra da Gazzetta e a montagem da escola tipográfica) proveu investindo a quantia recebida na venda de sua porção de herança recebida do padrinho. Depois, iniciou logo a confiar na Providência. A qual era geralmente abundante e chegava também nos momentos oportunos. Ofertas e doações não lhe faltavam: dos poucos, suados trocadinhos de seus cooperadores espalhados nas muitas cidades da diocese albense e, pouco a pouco, nos lugares onde chegava o rio de suas publicações, aos muitos milhares de liras (de então) que nobres senhoras e poderosos e amigos cheios de dinheiro lhe ofereciam em várias ocasiões. Mas, diante de tanta generosidade, afirmava que não era o caso de demonstrar demasiado reconhecimento aos benfeitores, porque era mais justo que eles fossem gratos para com aqueles que lhes ofereciam a possibilidade de gastar em boas obras seus bens. Afinal, chegou a declarar que «nenhum dos fornecedores perdeu um centavo, e sempre continuaram com sua confiança. Benfeitores cuja caridade frutificou o triplo foram muitos».

Já aludi aos donativos de gêneros alimentares ou de materiais que ocorriam para a construção de suas casas. Havia até mesmo quem havia “institucionalizado” as suas doações; por exemplo, em Benevello, pequena paróquia da Langa, o pároco, muito amigo de Alberione, havia mandado escrever no estatuto do local banco Pequeno crédito que seus bens deviam ser destinados ao apoio da obra da boa imprensa. Recorria também ao ordinário crédito bancário, talvez pedindo a muitas fontes, às vezes «com escassa discrição», como escreve seu biógrafo. E enfim havia também as entradas da produção editorial.

Mas os rumores, às vezes interessados, que previam a iminente queda financiária de sua criatura não cessavam, e continuavam a insinuar dúvidas nas superiores hierarquias eclesiásticas.

Tanto que em 1936 o bispo de Alba dom Grassi, por sugestões de proveniência romana, apresentou-se a ele impondo-lhe de mostrar os livros contáveis. Como de costume, Alberione não se abalou, pedindo somente de lhe dar o tempo ocorrente, uma semana, para reunir o material. E quando, após uma semana, o bispo voltou, descobriu que padre Alberione não estava mais, tendo se transferido definitivamente para Roma.

Foi-se embora resmungando um irônico e desconsolado «agora entendo como agem os santos». E a Positio super virtutibus, o grande volume no qual são resumidas as pesquisas de apoio à causa de beatificação, refere o episódio rubricando assim: «Também o bispo de Alba reconhece a sua santidade».

Pensar e projetar sempre mais em grande

Do empresário, portanto, Alberione possuía uma elevada medida de alguns dos dotes mais marcantes. Teve sempre como guia um objetivo claríssimo, que buscou com firmeza mas pronto em todo caso a modular o percurso para atingi-lo, avaliando com realismo, vez por vez, aquilo que era possível.

A sua capacidade de visão se expressava no pensar, e projetar, sempre em grande. Dedicava a seu trabalho todas as energias de que dispunha, não obstante uma saúde sempre precária. Ainda que seu biógrafo fale da «sua natural propensão em fazer fazer”, era sempre arisco em delegar, exceto quando lhe convinha ou quando não podia absolutamente dispensar.

Isto lhe era possível graças ao fortíssimo carisma que emanava e que todos os seus colaboradores e as suas colaboradoras reconheciam e respeitavam. Ele não se apresentava com um douto que põe à disposição de outros os tesouros de sabedoria que acumulou, mas como um mestre, ou melhor ainda como um chefe que dava diretrizes, sugeria métodos novos e fixava metas a serem atingidas. E sabia fazer-se obedecer sem nunca deixar de usar modos até mesmo submissos.

Mas os seus objetivos foram sempre alheios a avaliações de caráter econômico. Ele queria fortemente e somente servir o seu Senhor e a sua Igreja, usando os meios que o empreendedorismo lhe sugeria. Mas nunca buscou o lucro, pelo contrário procurou em todos os modos de evitar que sua obra «se degenerasse numa empresa de caráter industrial e comercial».

Aceitou sem esforço algum, nessa lógica, quanto lhe foi imposto pelas constituições que regulavam a Sociedade de São Paulo: que não capitalizasse nada com o escopo de lucro, que tivesse sempre dívidas, porém nunca tais que que pusessem em perigo a sua existência econômica («uma regra», comenta o seu biógrafo, «que ele pessoalmente nunca transgrediu»), que proibisse a todo membro de lucrar materialmente em virtude da atividade tipográfico-editorial.

A então Gráfica de “Famiglia Cristina”

 

Para reforçar depois a natureza meramente apostólica da Sociedade de São Paulo, a certo ponto Alberione assegurou Roma que se obrigava a imprimir somente edições próprias, não por encomenda de outrem, exceto que a autoridade eclesiástica declarasse que eram de verdadeiro interesse para as almas.

Uma especial atenção merece, nesse quadro, aquela que podemos chamar de “política do pessoal”. Por muitos decênios foi sempre absolutamente contrário a confiar algum encargo de trabalho a pessoas não pertencente à sua Sociedade religiosa. Estava firmemente convencido de que tratando-se a sua não de uma atividade comercial, mas de uma obra de apostolado, todas as suas partes deviam estar em mãos de “almas consagradas”, ou pelo menos de cristãos que buscassem unicamente a recompensa do Senhor. Confiar a realização de um apostolado a pessoas pagas lhe parecia uma espécie de profanação.

Alguém insinuou que Alberione explorava o trabalho de seus filhos e de suas filhas, muitas vezes ainda muito jovens. Mas essas vozes foram caladas pelos interessados, que declararam sempre com decisão que nunca Alberione havia pedido ou imposto fadigas excessivas, porque todos consideravam a ocupação do trabalho como apostolado.

A seu fechamento em relação ao trabalho confiado a externos o fundador foi decididamente fiel, pelo menos até 1960. Com dificuldade adaptou-se a renunciar isto, mas foi somente quando se convenceu de que, sem a ajuda de empregados, as obras iniciadas não iriam poder continuar seu crescimento. Assim em Alba pôde-se realizar na metade dos anos ’60 o novo grandioso estabelecimento tipográfico para a impressão de Famiglia cristiana, então consolidada como o mais difundido periódico italiano.

Por quase cinquenta anos desde então ofereceu um ótimo trabalho a centenas de famílias da cidade e de seus arredores.

A rápida expansão da Itália para o exterior

Antes de terminar, não podemos não acenar a uma das características mais impressionantes do crescimento da Sociedade de São Paulo e da Família paulina: a sua rápida expansão.

Não somente em muitas cidades da Itália; aqui para nos limitar ao período entre 1928 e 1933, por exemplo, nasceram 26 livrarias paulinas. Mas também em muitos Países estrangeiros (sempre no mesmo período de tempo, Paulinos e Filhas de São Paulo deram início a atividades na Argentina, Brasil, Estados Unidos, Alemanha, França, Espanha, China, Japão, Filipinas, Índia, Polônia).

Não todas as fundações tiveram sucesso, mas todas seguiam o mesmo esquema. Antes de tudo, cada “filial” devia ter uma própria tipografia e os próprios alunos, para formar os novos irmãos. Se houvesse pensado do ponto de vista industrial, não haveriam nenhuma razão para fundar várias tipografias numa mesma não, e com o tempo isto teria causado problemas. Mas era um preço a ser pago para não incorrer nas iras da Congregação romana, que de fato não queria lógicas industriais.

Mas sobretudo deixam pasmados os modos com os quais Alberione lançava os seus sacerdotes, e as suas filhas, literalmente à aventura, confiando exclusivamente na ajuda do Senhor, se nenhuma preparação e sem nenhum apoio material. Com um pré-aviso de poucos dias, deviam partir rumo a determinado lugar, onde deveriam procurar a aprovação do bispo local e depois iniciar suas atividades de produção e distribuição da boa imprensa, procurando por si próprios os recursos ocorrentes. Acompanhava-os a oração do fundador, e isso devia bastar.

Causa impressão ler na Positio o testemunho de um médico albense que estava indo para a Etiópia e no navio encontrou um sacerdote paulino que fora enviado para o Japão «sem nenhum dinheiro, sem uma apresentação, nem conhecimento algum de línguas estrangeiras».

No calor tórrido do Mar Vermelho, ia vestido de uma longa e pesada talar preta, porque não tinha outras vestes. Para lhe evitar um ataque de calor, os passageiros fizeram uma coleta para lhe dar vestes mais adaptas à situação. Para outro caso, conta-se sobre um sacerdote embarcado para a Índia, mas acabou na China.

Cidadania honorária do Município de Alba

Não obstante as não sempre fáceis relações com o ambiente local, Alberione ficou constantemente ligado a esta cidade, onde havia amadurecido a sua vocação, onde havia recebido a iluminação que o havia colocado na direção certa, onde as suas obras haviam começado a se concretizar. Nem, por outro lado, nunca o esqueceu a “sua” cidade, à qual havia dado fama e que lhe havia generosamente oferecido tantos jovens e tantas jovens que o haviam seguido em sua aventura apostólica.

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