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09/09/2020

Paulo, missionário da Palavra

Por Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp

“Paulo continua vivo, ‘revolucionando’ o mundo com seu testemunho de vida e suas preciosas Cartas”.

Refiro-me a Paulo de Tarso, “apóstolo de Jesus Cristo”, e à sua relação com a Palavra de Deus. Nascido de família israelita, Paulo respira, desde o berço, uma atmosfera impregnada da Palavra de Deus e da assídua recitação dos Salmos. Na juventude, aprimora seus conhecimentos bíblicos sob a competente orientação do professor Gamaliel (cf. At 22,3).

 É com base nas Escrituras que Paulo se torna valente defensor do judaísmo, a ponto de combater violentamente os cristãos, que ele considerava real perigo para sua religião. Entretanto, ao ser alcançado por Cristo, e após inteirar-se do erro que cometia perseguindo exatamente o “Verbo” de Deus, Paulo reorienta sua vida. Sem invalidar sua vasta cultura geral e seus conhecimentos sobre a História da salvação, esmera-se no desempenho da missão divina: “Deus me separou desde quando eu estava no ventre de minha mãe e me chamou pela sua graça” (Gl 1,15). Atira-se, com empenho redobrado, na urgente tarefa de anunciar o evangelho. Nenhum adversário é capaz de desviá-lo da meta definida: “Considero tudo como perda, diante do bem superior que é o conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor” (Fl 3,8). Embrenha-se no campo missionário, com total determinação, como que tomado por um impulso incontrolável: “Ai de mim se eu não anunciar o evangelho” (1Cor 9,16).

Torna-se o infatigável pregador das grandes e pequenas cidades. Aonde chega, busca primeiramente a sinagoga, onde reconta e atualiza a História do Deus que caminha com o povo de Israel: “Quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher” (Gl 4,4). Se não há sinagoga, Paulo cerca-se de pessoas, em outros lugares: à beira do rio, nas casas, nas praças. Também no campo da comunicação, ele se faz “tudo para todos” (1Cor 9,22). Comunica-se em hebraico, sua língua materna, porém utiliza principalmente o grego, oralmente e por escrito.

Firme em suas convicções como “ministro do evangelho” (cf. Ef 3,7), Paulo torna-se vítima de perseguições e é jogado na prisão. Faltando-lhe a liberdade para viajar, senta e escreve. Pequenas ou médias, suas cartas são endereçadas, na maioria das vezes, a comunidades por ele fundadas. Impedido de aí estar presente para desfazer algum conflito ou para reforçar a doutrina cristã, envia colaboradores, como Timóteo, Tito, Clemente.

O homem é um vulcão incandescente: “Quem me separará do amor de Cristo?” (Rm 8,35). No entanto, com o passar dos anos, sente que suas forças diminuem. Preocupa-se com o futuro das comunidades cristãs: “Eu sei que, depois de minha partida, lobos vorazes… se introduzirão no meio de vocês” (At 20,29). E transmite a seus discípulos a urgência de continuarem evangelizando: “Proclama a Palavra, insiste no tempo oportuno e inoportuno, convença, repreenda, encoraje com toda paciência e doutrina” (2Tm 4,2).

Chega, enfim, a hora de Paulo “partir e estar com Cristo” (Fl 1,23). Prestes a “se revestir da imortalidade” (1Cor 15,54), o diligente apóstolo folga em saber que cumpriu plenamente sua missão, distribuiu seus dons de forma generosa e por toda parte: “Combati o bom combate, terminei a corrida, conservei a fé” (2Tm 4,7). Intrépido missionário de Cristo, e certo de que “a palavra de Deus não está algemada” (2Tm 2,9), Paulo continua vivo, “revolucionando” o mundo com seu testemunho de vida e suas preciosas Cartas.

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